XXIVº Domingo do Tempo Comum -O Perdão, como caminho da Paz
Na Liturgia da Palavra deste domingo ouvimos uma leitura extraordinária do livro do Eclesiástico, que foi escrito 180 anos antes de Cristo e mesmo assim traz uma mensagem de uma força extraordinária e tão atual. Pensar que em tempos de violência e morte, onde a pessoa não valia nada e o Rei tinha poder de vida ou morte sobre todos, alguém possa ter escrito palavras tão verdadeiras e nobres, parece impossível. Praticar o perdão, não praticar a vingança, não guardar rancores, são atitudes humanas que ainda hoje após 2200 anos daqueles escritos, não conseguimos viver.
O evangelho de Jesus nos convida a perdoar não apenas 7 ou 70 vezes, mas sempre. A parábola contada por Jesus quer nos ensinar a perdoar os outros assim como o Pai nos perdoa. Rezamos isso todo dia no Pai Nosso. Mesmo assim, como é difícil perdoar.
Acho que se trata de abraçar algo realmente novo. Não se trata de perdoar alguém de boca pra fora, ou de episódios momentâneos de perdão. A questão acima de tudo é acreditar que perdoar é uma expressão do amor de Deus. Perdoar é um ato divino. Quanto perdoamos nos tornamos semelhantes a Deus. Se temos esta fé na força e na grandeza do perdão, com certeza, um dia ou outro vamos conseguir viver com misericórdia.
Aprender a perdoar significa criar uma verdadeira cultura que elimina a violência e a vingança, tratando essas atitudes como indignas de um ser humano. Não podemos viver guardando rancores e ressentimentos, e nenhuma forma de ódio. Precisamos trilhar caminhos contrários a esses sentimentos negativos.
Qual educação queremos dar as nossas crianças? Qual mundo queremos pra elas? Ainda não estamos fartos de guerras, divisões, brigas? Qual tipo de vida queremos pra elas?
Um dia plantamos uma sementinha. Depois esquecemos dela. O tempo passou. Um dia apareceu uma arvore; alias ela não apareceu do nada, foi crescendo aos poucos, mas nós não reparamos; por isso chega o dia que nos espantamos: puxa que arvore bonita! Foi aquela semente esquecida! A chuva fecundou a terra e ela cresceu sozinha, nunca parou de crescer, se tornou uma arvore.
O perdão praticado com fé e constancia é assim. È como aquela semente. O perdão é uma semente de Deus neste mundo. Quanto mais perdoamos, mais sementes plantamos. E assim nascem arvores de paz e depois uma floresta de paz.
Todos querem mais paz neste mundo, mas poucos se comprometem a construí-la. Jesus dedicou uma bem-aventurança aos construtores da paz. Perdoando plantamos uma nova cultura de paz. Perdoar é acreditar no mundo mais fraterno e se comprometer em primeira pessoa para este sonho. Vamos perdoar. Plantamos neste mundo, na família e na comunidade, sementes de Deus, sementes do Amor.