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Notícias › 27/09/2013

Valorizar os idosos (Reflexão)

No dia 1° de outubro comemoramos os 10 anos do Estatuto do Idoso. Muita coisa tem melhorado para os idosos neste período, apesar de ainda existir muito a ser feito. Talvez o maior desafio seja justamente o de colocar em prática aquilo que está na Lei, uma vez que o Estatuto é muito bom. Além disso, todos sabemos que se não existir sentimento de humanidade e amor para com os idosos, o Estatuto também não vai conseguir lhes dar vida boa e feliz, porque a letra, por si só, não muda relacionamentos e atitudes.

Na conferência de Aparecida em 2007, os bispos disseram que “o respeito e gratidão dos anciãos deve ser testemunhado em primeiro lugar por sua própria família. A Palavra de Deus nos desafia de muitas maneiras a respeitar e valorizar os mais idosos e anciãos. Convida-nos, inclusive, a aprender deles com gratidão e acompanhá-los em sua solidão e fragilidade” (n. 448). Mais adiante, o documento lembra que “muitos de nossos idosos gastaram a vida pelo bem de sua família e da comunidade, a partir de seu lugar e vocação. Muitos, por seu testemunho e obras, são verdadeiros discípulos missionários de Jesus”. Por isso, “a família não deve olhar só as dificuldades que traz a convivência com eles ou o ter que atendê-los. A sociedade não pode considerá-los como peso ou carga” (449).

O Papa Francisco, na saudação aos avós quando da sua estada no Rio de Janeiro, ressaltava o seu valor “na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade”. E testemunhava “como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família”.

Todos nós somos testemunhas da beleza de uma família onde filhos e netos convivem harmoniosamente com os pais e avós já idosos. E, de outro lado, muitos também conhecemos famílias onde os idosos são vistos como estorvo para filhos e netos, sendo que, em algumas existe a expectativa da sua morte para que os filhos possam usufruir da herança “dos velhos”. Conheço também famílias onde os valores dos idosos são menosprezados e ridicularizados. Algumas, inclusive, chegam ao extremo de eliminar as imagens de santos que serviam para alimentar a devoção dos pais e avós, mostrando, com isso, um total desrespeito para o sentimento dos pais. Em outras famílias, os idosos se queixam da falta de alguém que os leve até uma Igreja para que possam participar das celebrações comunitárias que sempre lhes foram muito caras.

Que as comemorações dos 10 anos de assinatura do Estatuto do Idoso motivem uma reflexão mais profunda sobre a situação dos idosos na sociedade e na família. Aproveitemos para revisar o cumprimento da Lei, mas também para revisar o amor e respeito para com os idosos em todas as instâncias da vida. A Lei, que é boa, deve ser cumprida. Mas pessoas que tem amor no coração, irão se empenhar para ultrapassar a letra da Lei e dar aos idosos uma velhice mais saudável e harmoniosa, com total respeito aos seus valores.

Dom Canísio Klaus – Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

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