Uma estrela brilhou para nós
O tempo de Natal termina com e festa da Epifania, que seria no dia 6 de janeiro, mas por não ser feriado no Brasil, celebra-se no Domingo sucessivo. A festa, conhecida como Dia dos Reis, celebra a visita dos Reis Magos ao menino Jesus, na gruta de Belém. O evangelho lido neste dia nos mostra o papel de Herodes que queria matar o menino. Herodes representa o anteprojeto de Deus.
Nesta história toda, tem um papel fundamental a estrela que conduziu os magos, estrela-cometa que Herodes não foi capaz de enxergar, e por isso não achou o menino, ao contrário dos reis.
Quantos símbolos, ou sinais, que o Evangelho transmite! Ele quer falar direto à nossa alma. Por isso, várias vezes já disse que o Evangelho não é um livro de história, mas um livro de fé. Para um historiador, o fato dos Reis Magos é repleto de dúvidas e incertezas: quem realmente eles eram? Quais países ou culturas estariam representando? Qual estrela os conduziu? Quando chegaram? Há quantos dias o menino estava naquele lugar? Era uma gruta, uma estalagem, uma casa? O autor do Evangelho, neste caso, Mateus, não teve a menor preocupação de nos dar estas respostas. Nem mesmo os nomes dos Reis foram citados.
Para a verdade da fé, porém, o ponto de vista é outro, é imediato, isto é, sem mediações. Fala direto aos corações. E estrela, neste caso, não é um astro a ser identificado no universo estelar, mas é a luz de Deus que é oferecida a todos os homens. A luz de Deus levou os Reis a encontrar Jesus como um Rei, como Senhor, como criança. Os presentes dos Magos, ouro, incenso e mirra, são uma profissão de fé da comunidade de Mateus. O ouro reconhece no menino o novo Rei e Salvador; o incenso é um reconhecimento da divindade do menino; a mirra reconhece a sua humanidade. O menino é Rei, Deus e Homem ao mesmo tempo. Nestes presentes temos a profissão de fé na encarnação do Filho de Deus. Por isso a luz que conduziu os Reis é secundária, pois a luz verdadeira é o Menino-Deus. Viver a Epifania é acolher esta luz na nossa vida e não viver nas trevas como Herodes. Deus é a luz que ilumina o nosso ser, a nossa alma; é uma luz interior que nos mostra o valor da vida, das pessoas e de toda criação. Esta luz nos faz seres fraternos e solidários. Acolher esta luz é aceitar profundamente a proposta do Evangelho e mudar nossa vida. Se ficamos apegados às trevas, a nossa vida nunca sairá da escuridão, da tristeza, do fracasso. Hoje pensamos, nos enganando, que uma pessoa realizada é uma pessoa materialmente rica. Mas, na verdade, uma pessoa realizada é uma pessoa feliz, serena, que não se sente em competição com outros, mas que se aceita assim como é, e se coloca a serviço de um mundo mais justo e fraterno.
Viver na luz de Deus é isso. Acolher a lógica do Evangelho e fugir das trevas da idolatria das coisas e saber que as pessoas valem mais, bem mais.
O cristão é um ser iluminado pela força do amor. Que este ano de 2012 seja um ano de Luz para todos nós.