Quarta-feira de Cinzas
Cidade do Vaticano (RV) – Iniciamos hoje, com o rito da imposição de cinzas, o tempo quaresmal.
Como sempre, será um tempo propício para reconduzirmos nossa vida à entrega total, absoluta, prometida em nosso batismo, quando dissemos sim ao sim que o Senhor Jesus nos disse na cruz.
Penitência, esmola, jejum e oração são meios que nos levam a essa purificação de nossa vida.
Todos são modos de sairmos de nós, de fazermos um êxodo de nosso egocentrismo e nos colocarmos na Escola de Jesus, aquela da doação, da entrega sem reservas ao Pai e ao irmão.
Neste ano a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB nos propõe como tema de reflexão “Fraternidade e Juventude”, com o lema “Eis-me aqui, envia-me!” Isso nos sugere uma total abertura a Deus, aos seus desígnios, à sua vontade. “Envia-me!” Supõe disponibilidade, abertura, entrega da condução de nossa vida ao Senhor. Essas palavras são de grande humildade, pois não escolho a missão; tenho consciência de meus limites, por isso abro-me ao Senhor. Ele sabe melhor que eu onde darei mais frutos, onde servirei melhor ao Pai e aos irmãos.
Também a Quaresma deste ano, marcada pelo gesto de profunda e autêntica liberdade do Papa Bento XVI, nos abre espaço para nos questionarmos sobre nossos apegos e liberdade. O Papa Ratzinger deu provas de não estar apegado à missão de conduzir a Igreja, mas de amá-la de um modo muito profundo. Ele soube conduzi-la, magistralmente, durante oito anos, mas refletindo em oração sobre o ajustamento de sua saúde e vigor às exigências do cargo, resolveu renunciar, deixar a condução de sua tão amada Igreja para outro que a poderá fazer com mais adequação.
Que tenhamos a coragem de rever nossos posicionamentos, nossos apegos – seja à família, ao cargo que exercemos, à profissão que desempenhamos, àquilo que nos prende o coração e nos tira do sério quando sentimos perder o controle. Nada é absoluto. Só Deus é Absoluto. Nenhum serviço é absoluto, só o servir ao Senhor é absoluto.
Que esta quaresma nos proporcione a graça de revermos nossa vida, de termos total abertura e disponibilidade para dizermos: “Eis-me qui, envia-me!” (CAS)