Papa: o cristão é chamado a fazer a história
Na manhã de ontem, o Papa Francisco celebrou o Jubileu dos Catequistas com uma Missa na Praça de São Pedro, na qual disse aos catequistas do mundo inteiro que “quem vive para si mesmo não faz a história”.
Francisco disse durante a sua homilia que Paulo “recomenda que o nosso olhar se mantenha fixo no que é essencial para a fé, não nos recomenda uma multidão de pontos e aspectos, mas sublinha o centro da fé. Este centro em torno do qual tudo gira e este coração pulsante que dá vida a tudo é o anúncio pascal, o primeiro anúncio: O Senhor Jesus ressuscitou, o Senhor Jesus nos ama e deu a vida por nós. Ressuscitado e vivo, está ao nosso lado e se interessa por nós todos os dias”.
O Santo Padre diz também que neste Jubileu dos Catequistas, “é pedido para não se cansar de colocar em primeiro lugar o anúncio principal da fé: o Senhor ressuscitou”.
“Não existem conteúdos mais importantes, nada é mais firme e atual. Todo conteúdo da fé torna-se perfeito se estiver ligado a este centro, se for permeado pelo anúncio pascal. Se ficar isolado perde sentido e força”.
“Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa viva: a sua mensagem se comunica através do testemunho simples e verdadeiro, da escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem de Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus limitando-nos a fazer sermões bonitos. O Deus da esperança se anuncia vivendo no dia a dia o Evangelho da caridade, sem medo de testemunhar inclusive com novas formas de anúncio”.
Ao falar acerca da parábola evangélica do homem rico, o Papa disse que “nos ajuda a compreender o que significa o amor, especialmente para evitar alguns perigos”.
“Na realidade, este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é mau; e todavia tem uma enfermidade pior que a de Lázaro, apesar de este estar coberto de chagas. Este rico sofre duma forte cegueira, porque não consegue olhar para além do seu mundo, feito de banquetes e roupas finas”.
“Não vê além da porta de sua casa, onde jazia Lázaro, porque não se importa com o que acontece fora. Não vê, porque não sente com o coração. No seu coração, entrou a mundanidade que anestesia a alma”.
Em seguida, o Papa sublinhou: “A mundanidade é como um buraco negro que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no próprio eu”.
“Quem sofre desta grave cegueira, assume muitas vezes comportamentos ‘estrábicos’: olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível, admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são os prediletos do Senhor.”
Por outro lado, “na parábola, o homem rico não tem sequer um nome; a sua vida cai esquecida, porque quem vive para si mesmo não faz a história. A insensibilidade de hoje escava abismos intransponíveis para sempre”.
Francisco também disse: “Não sejamos profetas da desgraça, que se comprazem em lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna a quem vive familiarizado com a Palavra de Deus”.
Pois “quem anuncia a esperança de Jesus é portador de alegria e vê longe, porque sabe olhar para além do mal e dos problemas”, concluiu o Pontífice.
Por ACI