O humilde se deixa amar por Deus- homilia do 30º Domingo do Tempo Comum- Pe Graciano
O evangelho de Lucas diz claramente a razão de Jesus sentir necessidade de contar esta parábola: havia pessoas que confiavam na própria justiça e desprezavam os outros. O fariseu ao rezar começa bem agradecendo a Deus, mas depois se perde no Eu: eu jejuo, eu pago, eu sou isto sou aquilo… A sua certeza de estar certo, de não precisar de mais nada, complica muito a sua relação com Deus e a sua oração. Ainda há um agravante: despreza o publicano, o cobrador de impostos e tantos outros que na visão dele são ladrões, desonestos, adúlteros.
Como sempre precisamos refletir com mais atenção. Porque Jesus evidencia como grave a postura religiosa do fariseu? Podemos dizer que a falta de humildade é uma maneira de tornar Deus desnecessário. A pessoa que se sente completa, justa, certinha, acaba se afastando de Deus e dos outros. Entra, podemos dizer, numa “vaidade” espiritual. Cabe uma pergunta fundamental: precisamos sempre de Deus? A experiência de fé é caminhar sempre, a nossa frente, como horizonte do nosso caminhar, o amor infinito de Deus. Quem se acha bom para deixa de caminhar e acaba se distanciando de Deus.
Vivemos um tempo que há muitas pessoas se achando mais igreja que o próprio Papa Francisco, tantos bispos e padres que estão doando suas vidas pelo povo. Estamos vivendo fatos tristes dentro de nossa igreja, por pessoas, padres e leigos, que vivem detonando a igreja com argumentos falsos, desviados e usados a arte para convencer as pessoas que estão em possessão de informações privilegiadas. Não me preocupa estas pessoas, são desonestas e maldosas e a vida vai mostrar no tempo quem é quem, mas me preocupa pessoas boas que estão caindo nesta armadilha.
Jesus elogia o pecador, aquele que abre o coração a Deus. É pecador, mas deixa a porta aberta para Deus. Porta que o arrogante fariseu fechou de vez. A atitude certa do cobrador de impostos: “Senhor tende piedade de mim pois sou pecador”. Ter consciência dos próprios pecados e limites é uma grande virtude. Não se achar melhor de ninguém é um testemunho que muitos santos nos deixaram. Francisco de Assis, falava para seus companheiros, que qualquer pessoa que tivesse recebido os dons que ele recebeu de Deus, seria muito melhor que eu. A consciência da nossa pequenez é um dom de Deus.
Padre Graciano Cirina
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Poços de Caldas- MG
Diocese de Guaxupé