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Voz do Pastor › 13/03/2012

O Homem: raiz e abertura sem limites

 

Tenho pensado bastante, nestes dias, no livro de L. Boff “A águia e a galinha”, como uma séria oportunidade de rever nossa vida neste tempo de Quaresma; confrontar esta parábola com as de Jesus e perceber quem realmente somos. A obra divide-se em sete capítulos, onde conta a história de uma águia criada como uma galinha. Essa história é compreendida como uma metáfora da condição humana. Cada um poderá lê-la e interpretá-la de acordo com suas vivências. Ao ler a obra, você vai se confrontar com duas dimensões fundamentais da existência humana: a dimensão do enraizamento, do cotidiano, do limitado, que seria o símbolo da galinha e a dimensão da abertura, do desejo, do ilimitado, o qual seja o símbolo da águia. A partir disso, o autor nos questiona como equilibrar essas duas dimensões; e como impedir que a cultura atual afogue a águia dentro de nós e nos impeça voar.

De fato, muitos de nós renunciam com muita facilidade a “águia”. Vivemos tão enraizados no dia a dia, nas tarefas cotidianas, nesta correria da vida, mas não conhecemos mais os nossos desejos mais íntimos. Outros autores e poetas colocam a mesma ideia, com a imagem dos sonhos: a capacidade de sonhar e perseguir nossos sonhos com determinação. Para não desligar os sonhos da realidade, Dom Helder Câmara dizia a famosa frase “quando sonhamos juntos é o inicio da realidade”. Muitas vezes, com uma certa ousadia nas minha homilia, chamei o plano da salvação, o projeto do Pai, como o sonho de Deus que nos é revelado nos Evangelhos. Realmente, Jesus pode ser considerado um sonhador, e o Evangelho uma utopia.

Mas a questão se resolve dentro de nós, quando descobrimos que, mesmo tendo os pés no chão, somos feitos capazes de voar, de sonhar, de romper limites, romper barreiras.

Assim, olhamos para o mundo de uma maneira diferente; não desanimamos, mas aprendemos a nos levantar e a não desistir. Mesmo com tanta maldade que existe ao nosso redor, queremos continuar a acreditar e construir fraternidade. Mesmo com tantas guerras e tantas armas vendidas e utilizadas, queremos construir a paz. Mesmo com um sistema financeiro mundial que privilegia os grandes capitais e considera as pessoas pelo que elas têm, e incentiva a criação de riquezas absurdas e egoísticas, nós queremos acreditar e viver a partilha.

Mesmo com tantas crianças e idosos abandonados e maltratados, mesmo com a prática massiva do aborto, nós queremos acreditar e proteger a Vida. Mesmo no meio a tanta corrupção, privilégios de lobbies, e uma justiça desigual e parcial, nós queremos construir um mundo mais justo. E assim, poderíamos falar de tantas outras situações, como nos convida a fazer a CF 2012 com o tema sobre a Saúde Publica.

Isso é ser águia hoje, superar nossos limites e colocar nossas vidas a serviço do sonho de Deus.

Uma boa caminhada a todos… aliás, melhor dizer: bons voos!!!

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