O Espírito Santo no meio de nós- homilia da Solenidade de Pentecostes- Pe Graciano
Neste dia comemoramos e celebramos o dom do Espírito Santo prometido por Jesus aos seus discípulos. A liturgia da palavra abre com o episódio da Torre de Babel. Na sua maneira simples a Bíblia explica porque os homens não se entendem mais, a confusão se instaura a partir da divisão em línguas. No dia de Pentecostes acontece o contrário: muitos falavam línguas diferentes, mas todos compreendiam a palavra dos apóstolos. Pentecostes era uma festa dos judeus chamada ‘festa da Semana’, uma festa que tinha origem agrícola, mas depois se tornou o dia no qual se comemorava a entrega da Lei no monte Sinai. Foi no tempo de domínio grego que foi escolhida uma palavra grega Pentecostes, que significa 50 dias depois da Pascoa.
Com a imagem contraposta da Torre de Babel e dos apóstolos, se mostra que a Igreja é chamada a gerar um mundo onde todos se entendem, onde a confusão vira harmonia. Tudo isso em nome de Jesus Cristo e da sua promessa do Espírito Santo. Espírito Santo que Jesus anuncia com a imagem da sede: “se alguém tem sede venha a mim e beba”. O Espírito Santo que São Paulo define como “o amor de Deus que for derramado em nossos corações”. O Espírito Santo como a vida divina que une o Pai ao Filho que é derramado em nossos corações que nos torna semelhantes a Deus. Construímos a igreja e suas comunidades com o Espírito que nos transforma e nos torna capazes de matar a sede de vida dos homens e tirá-los da confusão de uma vida sem sentido. Existem várias maneiras do Espírito se manifestar na sua igreja, mas a sua obra maior é nos dar a capacidade de continuar a obra de Deus e sermos instrumentos do seu amor. Nada que venha do Espírito Santo pode ferir o amor, como diz o hino de São Paulo: O amor está acima de tudo e São João diria “Porque o amor é Deus”.
Não podemos interpretar a vida no Espírito Santo como uma maneira diferente de ser igreja, ou uma maneira de ser mais igreja que outros. A todos é dada uma manifestação do Espírito. Tudo que nos conduz a comunhão com Deus e a caridade fraterna é obra do Espírito Santo. Sem o Espírito Santo não tem igreja. Na igreja não somos chamados a fazer coisas, manter pastorais, liturgias, grupos e trabalhos pastorais, mas somos chamados a fazer tudo isso a maneira de Deus, isto é, vivificados pelos Espírito. Tudo que fazemos na igreja tem que ser conduzido pelo Espírito e não pode ser apenas raciocínio ou esforço humano. O bonito de tudo isso porém é que no trabalho humano, na dedicação, na generosidade, no amor a igreja e a comunidade, já existe a força do Espírito Santo. No coração puro e sincero sempre há a presença do Espírito de Deus. Não é um sinal da presença do Espírito Santo quando a pessoa trabalha muito na comunidade mas não sente amor pelos outros e está sempre pronta a criticar os outros a marcar mais as diferenças, mais de que criar unidade, São João XXIII dizia que no final de tudo Deus nos perguntará o que fizemos pela unidade da nossa Igreja. Sem o Espírito Santo somos como pessoas sem Deus, agindo a serviço de Deus.
Finalizando, precisamos entender que Deus não lida com quantidade, mas com qualidade. Para nós cristãos e discípulos missionários é muito mais importante COMO fazemos as coisas. O COMO FAZEMOS determina quanto deixamos agir o Espírito em nós. Fazer tudo com coração sincero é a maneira mais certa de acolher o Espírito Santo e depois ele vai nos usar nos doando carismas e dons preciosos.
Padre Graciano Cirina
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Poços de Caldas- MG | Diocese de Guaxupé