Não jogar fora a vida- Homilia do 26º Domingo do tempo comum- Pe Graciano
Há uma tentativa da parte dos apóstolos de fazer alguma diferença entre as coisas boas feitas por eles ou por outros: “eles não são dos nossos”. Jesus estabelece claramente que bem é bem r o que é bom é bom.
Não devemos olhar as “carteira” de identificação, mas a substância e a bondade dos atos, são sempre bem-vindos, são sempre uma bênção. Isso se formos olhar de maneira mais profunda é corrigido por Jesus porque entre os discípulos poderia existir o pensamento de ser os únicos e os melhores, como infelizmente acontece ainda hoje em muitos grupos da igreja.
Na segunda parte Jesus alerta sobre o escandalizar os pequenos que não são crianças, mas pessoas pequenas na fé, com tanta duvidas, pessoas que começaram o caminho. Precisamos tomar cuidado em não dar testemunhos cheios de contradição com a nossa fé.
Precisamos esclarecer algumas coisas:
No texto bíblico não está a palavra “inferno”, que Jesus nunca usou. Esta palavra nasceu bem depois quando se afirmou o conceito do lugar da condenação. No hebraico a palavra que era usada é “sheol”, que significa lugar dos mortos. No texto do evangelho é a palavra grega “hades”, que traduz sheol e significa lugar dos mortos, ou das almas. “Geena” é o termo usado neste texto. Ao redor de Jerusalém havia uma vale parecida com o leito de um rio seco. Neste lugar era jogado e queimado o lixo. Era o lixão de Jerusalém. Jesus indica este lugar e este fogo que não se apagava nunca. A “geena” existe até hoje, mas é um parque verde bonito. Então neste texto Jesus não fala do inferno como lugar de condenação, mas quer dizer que a vida terrena mesmo não pode ser jogada no lixo, não pode ser destruída.
Ele cita três membros do corpo que são símbolos de atitudes:
Se tua mão te leva a pecar
Se teu pé te leva a pecar
Se teu olho te leva a pecar
O que isso significa?
A mão é símbolo do agir. Mão que leva a pecar são os atos imorais, injustos, os roubos e todos os atos desonestos.
O pé é sinal de caminhar, são os caminhos errados que afastam da verdade, afastam de Deus.
O olho é sinal da visão errada, a partir da cobiça, os desejos de poder, de dominar. É o olhar que não é de Deus, mas que é dos homens do mundo.
Toda a linguagem é simbólica, então cortar a mão ou cortar o pé ou arrancar o olho significa para de agir naquela maneira, cortar o pecado, cortar o mal que está fazendo. Significa afastar dos caminhos de mal, caminhos de violência, mas também de prazeres desmedidos, de entrega as riquezas do mundo. Arrancar o olho significa mudar a forma de ver a vida, não aquela visão egoísta, interesseira, aquela visão de um mundo como se Deus não existisse.
Professar a fé e viver valores contrários a ela, é a maneira mais comum de escandalizar. O discípulo de Jesus deve ser responsável dos seus atos perante a comunidade, perante sua família, de maneira que as pessoas perto a sua volta não se afastem de Deus por sua causa.
Padre Graciano Cirina
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Poços de Caldas-MG | Diocese de Guaxupé