Mãe do Silêncio, mãe que sabe ouvir
Há uma tradição muito bonita que enriquece o mês de maio, que é considerado o mês de Maria. A origem desta devoção não é muito clara e não está ligada a nenhuma pessoa em particular. Ela nasceu ao redor do ano 500 e com certeza foi ligada ao fato de maio ser, na Europa, o mês da explosão da primavera, das flores, da beleza e, portanto, do amor. Também era o mês das rosas. Tudo isso em vários países, especialmente na Itália e na França, foi visto como algo que falava de Maria. Assim, não alguém, mas o povo cristão acabou escolhendo maio como o mês da Virgem. A oração do terço e suas coroas eram vistas como coroas de rosas oferecidas a Maria.
Ainda hoje temos esta devoção e ligação de maio com Maria; tudo isso se enriqueceu com o Dia das Mães, no segundo domingo de maio. Então vejo a beleza destas palavras que acompanham este mês: Maria, Mãe, amor, beleza, maternidade.
Toda esta riqueza hoje podemos viver, em primeiro lugar, meditando sobre a Mãe de Jesus e buscando a nossa amizade com ela. Maria é modelo da fé, modelo da esperança, modelo do amor-ágape, amor fraterno e materno. Nela temos uma companheira muito especial, uma presença da graça de Deus, por meio daquela que é “cheia de graça”.
Maria, a mãe do silêncio, que guardava em seu coração as palavras do filho Jesus.
O nosso tempo está esquecendo o valor do silêncio, o valor da escuta de Deus, da sua Palavra; mas também a escuta do outro, do sofrimento alheio, dos gritos não ouvidos de tantas pessoas em dificuldade. Nesta comunicação confusa e sem silêncio, sem escuta atenta, desaprendemos a amar. Ninguém ama se não sabe do que o outro precisa. A mãe amorosa sabe perceber todos os sinais que a criança lhe envia, chorando ou rindo, mexendo seus pés e mãozinhas.
A sociedade do grito e do poder de quem fala mais alto, principalmente pelos canais poderosos da mídia televisiva, está tirando de nós a capacidade de silenciar, refletir, ponderar, meditar. Isso nos tira a sabedoria da vida, nos tira a capacidade de amar. O amor se torna um tema abstrato, presente nas palavras da publicidade, presente no dia das mães, mas as pessoas não sabem mais amar de verdade, porque falta o silencio, falta a escuta, falta sensibilidade.
Assim a Palavra, dom de Deus, que nos torna semelhantes a Ele, não é mais expressão de amor e de vida, mas é usada para mentir, para ferir, para acusar, para ofender, para desprezar, para caluniar, para brigar.
Maria, a mãe do Silêncio, nos ensina a ouvir mais, a não viver como surdos aos apelos de Deus e dos irmãos. A maternidade acontece sem palavras, durante nove meses, nos quais mãe e filho se ouvem intensamente. Me maravilhou muito quando foi descoberto que o coração da criança na barriga da mãe, bate na mesma frequência do coração da mãe. Batida após batida, a vida cresce, se fortalece e ganha a coragem de romper aquelas águas tranquilas, para vir ao mundo. Precisamos de Maternidade, de silêncio, de amor. Precisamos crescer em águas tranquilas. Os homens precisam. O mundo precisa, a Igreja precisa.
Maria, mãe do Silêncio, mãe amorosa, rogai por nós!