“Vós que sois tão sensíveis à ideia de partilhar a vida com os outros, não passeis ao largo quando virdes o sofrimento humano, pois é aí que Deus vos espera para dardes o melhor de vós mesmos: a vossa capacidade de amar e de vos compadecerdes”, disse o Papa a dezenas de milhares de participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2011, que decorre na capital espanhola até domingo.
Na Praça de Cibeles ou através de ecrãs espalhados pela cidade, os jovens ouviram Bento XVI afirmar no final da via-sacra que “as diversas formas de sofrimento” são “apelos do Senhor” para que cada um seja sinal “do seu conforto e salvação”.
As reflexões das várias “estações”, que recordam os vários momentos da condenação e morte de Jesus, recordaram recordaram os sofrimentos dos jovens causados pela guerra, conflitos, catástrofes naturais, perseguições devidas à fé, precariedade, marginalidade e droga.
Simbolicamente, transportaram a cruz jovens da Terra Santa e do Iraque, Ruanda e Burundi, Sudão, Haiti e Japão, desempregados, imigrantes, antigos toxicodependentes e pessoas que se dedicam ao serviço de doentes de SIDA.
“A paixão de Cristo incita-nos a carregar sobre os nossos ombros o sofrimento do mundo, com a certeza de que Deus não é alguém distante ou alheio ao homem e às suas vicissitudes; pelo contrário, fez-se um de nós”, assinalou o Papa.
Cada uma das etapas dispostas ao longo do Paseo de Recoletos, no centro da capital espanhola, foi sublinhada por uma escultura da Semana Santa espanhola, conjunto de “valor histórico, artístico e devocional incalculável” e revelador de uma “religiosidade popular plurissecular”, segundo a organização da JMJ.
Neste cenário, Bento XVI declarou que “a cruz não foi o desfecho de um fracasso, mas o modo de exprimir a entrega amorosa que vai até à doação máxima da própria vida”.
“O Pai quis amar os homens no abraço do seu Filho crucificado por amor. Na sua forma e significado, a cruz representa esse amor do Pai e de Cristo pelos homens. Nela reconhecemos o ícone do amor supremo, onde aprendemos a amar o que Deus ama e como Ele o faz: esta é a Boa Nova que devolve a esperança ao mundo”, precisou.
O Papa agradeceu pelas reflexões das Irmãzinhas da Cruz, que servem “os mais pobres e desvalidos” e destacou as “imagens extraordinárias do património religioso das dioceses espanholas”.
“Olhemos para Cristo, suspenso no duro madeiro, e peçamos-lhe que nos ensine esta misteriosa sabedoria da cruz, graças à qual vive o homem”, concluiu.
Os organizadores da 26.ª JMJ, que se realiza até domingo sob o lema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, aguardam mais de um milhão de peregrinos, entre os quais se incluem cerca de 12 mil portugueses.