Paróquia
Sagrado Coração de Jesus

Poços de caldas - mg | Diocese de guaxupé

Paróquia hoje:

IVº Grau do Amor

Fundamento Bíblico: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei

 O Mandamento Novo de Jesus foi realmente surpreendente; enquanto dois mil anos de religião cristã nos ensinaram a amar a Deus acima de Tudo, não foi isso que Jesus pediu aos seus discípulos: ele poderia ter falado “nunca se esqueçam de mim, me amem até a morte” ou coisa parecida…, mas na realidade, no seu testamento, Jesus nos pediu o amor recíproco: amai-vos uns aos outros. Na oração sacerdotal de João 17,11 e mais versículos, Jesus pede, solenemente e muitas vezes, ao Pai que seus discípulos sejam um, como Ele e o Pai são uma coisa só.

Parece que a Jesus interessa bem mais o amor fraterno e recíproco do que tantas outras coisas. O Profeta Isaías já havia mostrado claramente o pensamento de Deus sobre o que lhe agrada realmente: ISAÍAS 1,11-20

Considero este trecho impressionante, mas ainda mais impressionante me parece a história da Igreja, que sempre se preocupou mais com solenidade e incenso e grandes catedrais, do que com justiça, pobres, viúvas, órfãos!

Mateus 25, que estudamos a semana passada, mostrou este pensamento forte e claro de Jesus: quem quer amar Jesus, encontre-o no pobre, no faminto, no indefeso.

A Igreja, a partir do Vaticano II, deu mais atenção à Doutrina Social, se viu mais como Comunidade de amor e não mais como Instituição poderosa. Mas ainda há muitas resistências: documentos oficiais da CNBB nos falam de novos padres mais preocupados com celebrações triunfalistas, vestes sagradas vistosas, incenso, latim, bordados; fiéis que não procuram a construção do reino de Deus, Reino de Justiça e de amor, mas buscam, mesmo na santa missa, interesses pessoais, ainda que bons interesses, são bem distante do ideal cristão; o povo quer se servir de Deus, muito mais que servir a Deus. O agir de Deus no mundo é confundido com momentos de emoção coletiva e não com uma real conversão de padres e povo aos valores do Reino de Deus. As nossas comunidades continuam fazendo muitas coisas, e isso é louvável, mas entristece o pouco valor dado ao amor fraterno: divisões, panelas, acusações, fofocas, falta de respeito, resistência ao perdão, preconceitos, antipatias assumidas.

Aquilo que pra Jesus é o mais importante, para nós é  menos importante!

A Igreja enquanto templo, liturgias, encargos, enfeites, flores, velas… ainda domina sobre a Igreja comunidade, pessoas, amor fraterno, misericórdia, compaixão…! Bem que o apostolo Tiago nos avisou desde o inicio da Igreja: Tiago 1,26Se alguém pensa que é religioso e não sabe controlar a língua, está enganando a si mesmo, e sua religião não vale nada.

Vejo, portanto, uma única luz que pode nos conduzir a uma real e profunda conversão de nossas comunidades: a busca constante, madura e real do amor fraterno.

O amor fraterno não apenas considerado em momentos de gestos carinhosos, gentis, caridosos, eventuais, mas o amor fraterno como um concreto empenho de vida, como postura dos meus atos, das minhas palavras; amor fraterno como algo que ilumina o nosso pensar, planejar; não se trata de sermos bonzinhos, mas de sermos determinados em nosso viver, e convencidos de que o amor fraterno, como nova estrutura das nossas relações familiares, comunitárias e sociais, será capaz de gerar uma nova cultura do amor, ou civilização do amor, no qual seremos capazes de vencer toda injustiça, desigualdade social, violência, abuso, opressão, racismo, preconceito, estupro, assassinato, corrupção, imoralidade, indiferença e quanto mais aflige a nossa humanidade.

Acreditar no amor fraterno é parar de viver uma vida cristã “mais ou menos” e se empenhar lealmente a serviço do Reino de Deus. Não é uma caminhada que nos vê sozinhos. Há uma história acontecendo e nós vivemos apenas uma parte dela. Ninguém de nós pode esperar de mudar o mundo em poucos anos, mas temos a obrigação religiosa e moral, de fazer de nossa comunidade uma antecipação daquilo que poderá ser o mundo novo da civilização do amor.

Temos a doce obrigação de amar a cada irmão como Jesus nos amou. Temos muito a fazer. Se Deus, em Isaías, se disse cansado dos sacrifícios inúteis do povo, nós também deveríamos estar cansados de uma Igreja que não transforma realmente nossos corações, que fica sempre com lindas palavras e péssimas atuações.

Quero uma Igreja que me faz orgulhoso de pertencer-lhe. Quero uma igreja viva, atuante, dinâmica, misericordiosa, participativa e sei que esta Igreja começa dentro de mim, quando eu disser sim ao evangelho de Jesus. Se esta Igreja não nasce dentro de mim, nunca poderei cobrar nada de ninguém, nem do Papa! Francisco de Assis fez renascer uma igreja corrupta a partir da sua conversão e do seu empenho.