IIIº Dom Tempo Comum – O ano de graça do Senhor
O ano litúrgico passado fomos acompanhados pelo evangelho de Marcos. Este ano teremos como companheiro de viagem da nossa caminhada na fé, o evangelho de Lucas. Este domingo então temos a abertura solene do evangelho de Lucas que nos revela algo muito interessante: Lucas fez muitas pesquisas para escrever o seu evangelho. Ele que era um sírio de Antioquia (atual Turquia), pagão, que abraçou a fé em Jesus Cristo, que nunca encontrou na sua vida, era medico de profissão. Dos apóstolos que viveram com Jesus não conheceu ninguém, mas foi companheiro de São Paulo na segunda e terceira viagem Missionária. O livro é oferecido ao Teófilo, que significa amante de Deus, portanto um livro oferecido a todos que amam a Deus, nós “Teofilos” de hoje. Nesta introdução destaca-se certamente a razão de mostrar a solidez dos ensinamento recebidos.
Somos convidados e ter uma fé solida, baseada na verdade em Jesus Cristo. O que poderíamos entender por fé solida? Uma fé baseada nos acontecimentos de Jesus Cristo, no seu exemplo e ensinamento. Uma fé que não vai atrás de “noticinhas” e sensacionalismo, mas é enraizada profundamente no amor de Cristo, na vivência coerente deste amor com o nosso próximo. Uma fé que busca sempre a semelhança com Jesus Cristo.
E na segunda parte temos a revelação do próprio Jesus Cristo, dizendo o conteúdo da sua missão:
Jesus repleto do Espírito Santo, ungido e consagrado
Para anunciar a boa noticia aos pobres
Proclamar a libertação aos cativos
Aos cegos a recuperação da vista
A libertação dos oprimidos
Hoje se cumpriu esta escritura. Hoje também 27 de janeiro de 2019. A missão de Jesus, seu programa de vida, foi anunciado com muita clareza e define ainda hoje a missão das nossas comunidades e de cada batizado. Este é o sentido da nossa Igreja, o sentido da nossa vida. Primeiro a certeza que o tesouro que foi depositado em vasos de barro frágeis que somos nós, é uma boa noticia para a vida das pessoas, é uma libertação, é uma iluminação. Muitas vezes reduzimos os nossos ensinamentos em regras, costumes, obrigações, penas…cadê a Boa Nova, a boa noticia??
Entendo que para entrar nesta dinâmica da boa nova precisamos ter a consciência da nossa pobreza, das nossas prisões, da nossa cegueira, de tudo que nos oprime!! Somos evangelizados para evangelizar, libertados para libertar, iluminados para iluminar, tirados da opressão para vencer todas as opressões. Ninguém da o que não tem. Para poder ser pessoas que libertam precisamos conhecer o sabor da liberdade interior, o sabor de viver sem nenhuma escravidão. Daria vontade de desanimar se pensamos a quantas centenas de liturgias celebramos, mas continuamos escravos do nosso orgulho, da nossa vaidade, da nossa arrogância, para não dizer dos bens materiais, do desejo de dominar e prevalecer sobre o próximo. Se pensamos a como ainda nos deixamos dominar pela mentira, pelos preconceito, pelo comodismo. O pior de tudo, não percebemos que a nossa escravidão é mal, nos sentimos bem dentro dela e ai nunca terá libertação. O Espírito Santo é a nossa esperança, se o acolhemos dentro de nós e nos deixamos ungir por Ele, perceberemos que não tem escravidão boa. Como dizia Santa Terezinha de Lisieux: “Não importa se um pássaro seja preso por um fio de seda ou uma corrente pesada, não vai voar do mesmo jeito!”
A nossa Missão porém tem que ser dedicada de maneira especial a quem é oprimido e maneira real e existencial, opressão material e espiritual. Temos que ser a presença de Cristo hoje que continua anunciando a Boa Nova, a libertação. Portanto não podemos deixar de lado o nosso compromisso com todos criando comunidades feitas de pessoas que vivem a compaixão e a misericórdia, e não comunidades fechadas em próprios interesses e na própria pequenez. Desta maneira também 2019 será o Ano de Graça do Senhor.