Homilia XXIVº Dom Comum – A Misericórdia que nos converte
Hoje recebemos um “banho” de misericórdia, a sequencia das parábolas da misericórdia, onde Jesus atinge o ápice da revelação sobre o Pai. Se trata de descobrir o verdadeiro rosto de Deus, o Pai de Jesus Cristo e não continuar a ter uma imagem de Deus deturpada porque projetamos em Deus a imagem da nossa pobreza espiritual. Precisamos nos descobrir feitos a imagem de Deus e não fazer de Deus a nossa imagem.
Ao nosso Deus aplicamos teologias falhas a partir de conceitos econômicos: o pecado gera divida com Deus, e esta divida precisa ser paga, custe o que custar. Aplicamos conceitos legalistas, fazendo de Deus uma lei que não muda e que condena os pecadores.
Papa Francisco ao proclamar o Ano Santo da Misericórdia queria que acontecesse realmente a conversão de toda a igreja e de cada um dos cristãos centrada neste encontro com o Pai bondoso e misericordioso que nos transforma.
Estas parábolas da Misericórdia são o coração do evangelho, pois nelas Jesus nos revela o verdadeiro rosto de Deus. O pai nos ama não porque somos amáveis, (nós no fundo amamos apenas as pessoas amáveis), ao contrário quando Deus nos ama, nos torna amáveis. Deus não nos ama porque somos bons, mas nos amando-nos torna bons!
Neste contexto que Jesus nos apresenta o grande pecador que precisa de conversão é aquele que não entende a misericórdia do Pai, como o irmão mais velho. E exatamente porque não entende que não é misericordioso, não tem obras de misericórdia.
O amor de Deus nos torna bons, coloca no nosso coração o desejo de ser como o Pai que ama seus filhos e não se esquece deles. Nós também não podemos esquecer-nos de quem sofre, dos excluídos e marginalizados e somos levados a cuidar dos nossos irmãos. Uma igreja sem obras de misericórdia é uma igreja vazia, sem uma fé verdadeira. Como ensina São Tiago na sua carta: “a fé sem as obra é morta”!
Hoje somos convidados a viver uma fé viva, enraizada na misericórdia do Pai que nos ama, que se traduz em obras de misericórdia. A nossa paróquia precisa se transformar numa comunidade viva, cheia de misericórdia e cuidado com todos. Esta fé viva nos da alegria, nos faz vencer o tédio de uma vida sem sentido. Uma comunidade assim se torna a alegria de Deus, sim porque a nossa conversão é alegria de Deus.
A CONVERSÃO É A ALEGRIA DE DEUS
“Eu lhes declaro:haverá no céu mais alegria por um só pecador que e converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lucas 15,7)