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Homilias em Destaque › 19/03/2018

Ganhar ou perder? Homilia do 5º domingo da Quaresma

Cada domingo de quaresma estamos recebendo palavras que podem transformar nossa vida. Este domingo não é diferente. A palavra que ouvimos interpreta plenamente o sentido da nossa vida. Repetimos a parte central deste texto:

Se o grão de trigo que cai na terra não morre,
ele continua só um grão de trigo;
mas se morre, então produz muito fruto.
Quem se apega à sua vida, perde-a;
mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo
a
conservará para a vida eterna. (Jo 12, 24-25)

Jesus está prestes a ser condenado, percebe que chegou o momento mais duro da sua missão. Se doou imensamente passando 3 anos no meio do povo, ensinando, curando, confortando e acusando as injustiças. Jesus revela o porque de tudo isso: se compara a um grão de trigo que precisa morrer para dar a vida os frutos. Para ele a vida faz sentido só se se torna um dom; a vida não é algo que possa ser guardado, mas é algo que dá mais vida.

Um desafio gigantesco para nós cristãos de hoje que vivemos o tempo do “individualismo exagerado” que destrói o sentido de uma vida em comum, onde buscamos um bem para todos e não para alguns. Vivemos um tempo onde não apenas não queremos nos doar, mas um tempo onde consideramos virtude a esperteza, admiramos os “trilhonários” do mundo que tem riquezas pessoais maiores de muitos países inteiros. Um tempo onde temos necessidade de acumular e consumir para nos sentir bem e mais seguros.

Na cultura atual a felicidade passou a ser um conceito de bem-estar global, a possibilidade de comprar tudo que queremos, felicidade é consumir, poder consumir.

Assim acontece aquilo que fala o filósofo e sociólogo Zygmunt Bauman: “Eu não sou mais um sujeito que compra, mas me tornei um objeto de consumo”. Pagamos para usar roupas de “grife” e fazemos propaganda para elas com logotipos expostos no nosso corpo. As lojas se tornaram farmácias: está deprimido? Compra! As lojas farmácias vendem pílulas de felicidade. O Conceito de inclusão ou exclusão social está baseado no poder de comprar ou não. Somos sujeitos que consomem objetos, mas na verdade são os objetos que nos consomes. Não possuímos bens, são eles que nos consomem. Consomem tudo de nós. Por isso que os novos templos da felicidade se chamam Shopping centers, e os gestores de tudo isso sabendo que o shopping é um templo, fazem questão de torná-los paraísos de felicidade, quanto mais bela a decoração natalina, mais poderoso é o “shopping-templo”.

Dentro de tudo isso ouvimos a proposts de Jesus, quase uma blasfêmia para o mundo consumista: felicidade não é ganhar, felicidade é perder! Jesus nos revela que será infeliz quem se apega a sua vida. O sentido da vida está no dom, na produção de outra vida.

Precisamos entrar agora na questão da fé: se eu acredito que Jesus é Deus, que o Pai que o enviou é o criador, então as palavras de Jesus não são um conselho para quem quer ser bonzinho, mas uma verdadeira revelação da vida que existe em mim, de como eu sou feito, daquilo que me realiza. Portanto se vou bater de frente vou me arrebentar, vou contra a minha natureza mais profunda. Então devo pensar e discernir com coerência: como estou buscando minha realização? No que ou em quem coloco minha confiança?

Numa leitura superficial das palavras de Jesus poderemos entender que ele nos convida a não valorizar nossa vida, mas, na verdade, é tudo o contrário porque Jesus quer que produzamos mais vida ainda.

Deus é assim: ama colocar o grande no pequeno. O universo está no átomo. A árvore está na semente. O homem no embrião. A eternidade num instante. O amor no coração. Deus no homem!

Padre Graciano Cirina

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