Falando em vida eterna… vida do Eterno! -Homilia do 32º domingo do Tempo Comum- Pe Graciano
Para muitas pessoas, ainda hoje, a fé é um bloco de mármore, algo que é do jeito que é e acabou! Não tem espaço para entender mais, até duvidar, mas crescer, evoluir. Só o fato de fazer um raciocino para entender mais, para muitos já é considerada uma traição a tradição. Só de introduzir uma novidade litúrgica é considerado uma traição a liturgia. Essa maneira de pensar traz uma imagem de Deus parado, como se ele fosse de um jeito e acabou. A regra vale mais que o amor. Assim eram os Saduceus, grupo político–religioso que hostilizava Jesus. Inspirados no primeiro sumo sacerdote que se chamava Saddok, não acreditavam na ressurreição e baseados na lei criam uma história da viúva “mata-maridos” para tentar pegar Jesus (Cf Lc 20,27-38). Ela acaba se casando com todos os 7 irmãos sem ter filho de ninguém. De quem será esposa na vida eterna?
A resposta de Jesus abre novos horizontes mostrando que a vida eterna tem outros padrões, é outra realidade a respeito da vida terrena, outros laços, outra maneira de ser. Serão como anjos, não no sentido de seres “rarefeitos” e insignificantes, mas anjos expressão do amor eterno de Deus como Gabriel (anuncio de Deus), Miguel (força de Deus), e Rafael (cura de Deus).
Temos o costume de pensar na vida eterna como tempo, duração. Precisamos nos abrir a grandeza de Deus e pensar na eternidade como vida do Eterno. Não tanto eterna como duração, mas eterna como intensidade de vida a maneira da vida de Deus. Na nossa vida temos a experiência da intensidade da primeira vez que conhecemos algo, como a primeira vez que conhecemos o mar, que vivemos algo, que amamos alguém. São momentos lindos, mas depois nos habituamos. A vida eterna é não se acostumar nunca, o milagre da primeira vez que se repete sempre. A intensidade do amor de Deus é tão forte que a vida e novidade a cada instante. Será experiência de plenitude, de abraço infinito.
Se pensarmos que nossos entes queridos que lembramos em toda missa estão nesta beleza infinita de Deus teremos razão para ficar tristes? Sabemos que crer na ressurreição não é fácil, mas o nosso coração tem que olhar para grandeza de Deus e ter a certeza que viver na sua luz é algo grandioso.
Padre Graciano Cirina
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Poços de Caldas- MG
Diocese de Guaxupé