Espírito Santo do Amor
O mês de junho se apresenta de uma forma extraordinária. Mês com a festa de Pentecostes e a Novena e a Solenidade do Sagrado Coração. Para mim, um momento intenso de vida e de fé. No tempo pascal da Ressurreição, enquanto com muitos brasileiros e caldenses estava apreciando a noite de Veneza, recebi a noticia do falecimento do meu irmão Marco. Mesmo neste momento que escrevo fica difícil acreditar. Mas a fé não é uma fachada, ela é sustentação da grande construção da nossa vida. Assim superei a dor e o momento inicial de susto com a força da fé, e no tempo da ressurreição de Cristo celebrei também a ressurreição do Marco.
Chegando em casa encontrei a minha família na dor, mas sem desespero. Minha mãe com sua fé e fortaleza gerou novamente nós, seus filhos, para um sentido maior. Mesmo eu sacerdote senti que minha mãe me fez mais padre, mais cristão. Como todo mundo sabe passei 19 dias internado e mais uma semana em casa de repouso. Assim pude celebrar as missas na sala da nossa casa junto a minha mãe e mais alguns amigos. Desta maneira rezamos mais ainda pela ressurreição de Marco.
Agora voltei com o coração cheio de tantos momentos intensos. Voltei com uma certeza, que ainda mais forte bate em meu coração: a nossa vida sem amor não vale nada. Precisamos aproveitar cada momento para viver o amor que Deus derramou em nossos corações. Muita gente sabe que Pentecostes é uma efusão do Espírito Santo. Muitas vezes interpretamos isso como algo que deu coragem aos apóstolos de evangelizar, vencendo o medo que os segurava trancados no cenáculo. Interpretamos, e não erramos, o dom da efusão do Espírito como a explosão de carismas, as curas, a oração em línguas, a interpretação. Tudo isso é bonito, é verdadeiro.
Mas, tem o porém! Sem o amor tudo isso é nada.
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. (1COR 13,1-8)
Vamos portanto viver o amor no nosso dia a dia. Isso nos torna uma Igreja verdadeira. Vamos ser uma comunidade que coloca o amor em primeiro lugar. No dia de Pentecostes, o amor de Deus será derramado em nossos coraçôes, para que se torne atual em nossas atividades e relações comunitárias.
Amar como Jesus é doar a vida: é acolher, é perdoar, é ter compaixão, paciência, bondade e tudo que São Paulo nos disse. Voltei para viver este amor com vocês. Que Deus faça do Sagrado uma comunidade de amor fraterno ágape.
Um abraço forte, Padre Graciano