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Notícias › 05/03/2012

O seminarista Jeremias Nicanor fala da experiência missionária em Parogominas

 

 

Entrevista: Seminarista Jeremias N.A. Moreira fala sobre a experiência missionária junto ao povo da paróquia  São José do Nagibão,  em Paragominas,  diocese  de  Bragança  do  Pará-PA, entre os dias 3 e 18 de janeiro de 2012.

Portal SCJ: O que leva seminaristas diocesanos a ter o desejo de fazerem uma experiência missionária especificamente naquela região do Pará? 

Há uma convergência de fatores, a começar pela própria vocação missionária presente em nossos corações, bem como a sensibilidade para com a proposta do padre Francisco Albertin. Tudo isso claro, em consonância com os incentivos dos nossos pastores através do Documento de Aparecida. Houve também o incentivo da própria formação diocesana em formar discípulos-missionários, além do próprio desejo e disposição para acolher a proposta evangélica, o que é sempre fundamental e, posso dizer, que é inerente a vocação cristã. Acredito que documentos somente traduzem o desejo e as propostas dos nossos corações, mas nunca nos obriga a realizar uma missão. Tais documentos nos despertam para realizar um desejo que brota da nossa fé. Assim, todos que encontram com Cristo e seguem os seus caminhos, jamais guardam somente para si tamanha felicidade e esperança pelo Reino de Deus e, por isso, há o transbordamento por meio de atitudes, gestos, palavras, enfim, em sua própria relação com o mundo a sua intimidade com Deus. E, portanto, a partir de suas disposições pessoais, de seu momento, das oportunidades necessárias, vocação e dons específicos, o cristão sempre estará disposto a anunciar uma nova vida para todos. Isso levou e levará seminaristas para a missão no Pará, mas leva também, pessoas a doarem suas vidas para a comunidade através de pastorais e movimentos, a exercerem a caridade e propor para o mundo, algo radicalmente novo.

Portal SCJ: Para você, o que é possível perceber da realidade social em Paragominas? E qual é o papel da religião nesse contexto?

Obviamente a realidade econômica, política, cultural e religiosa é um pouco diferente de Minas, e tal como em todos os lugares do mundo, tem dificuldades e peculiaridades extremamente positivas. Quanto à distribuição de renda e serviços públicos, por exemplo, têm seus limites. Por outro lado, a solidariedade a cooperação são sinais proféticos marcantes daquela região. Porém, tais realidades, inclusive a de Minas Gerais, sendo fruto de escolhas históricas coletivas e pessoais, se tornam difíceis de serem mudadas no que diz respeito aos seus aspectos mais negativos. Todavia, é nesse momento que entra a intervenção do Espírito na história, pois, embora o ser humano seja condicionado pelo seu tempo, ele é, antes de tudo livre, imprevisível e numa construção aberta, que se expande para além de sua posição social. É possível ir além do que o mercado, a sociedade, as ideologias vigentes inculcam no espírito humano. Jesus é para nós, o Caminho, a Verdade e a Vida, que não menosprezou sua cultura, mas a ofereceu algo transcendente: mostrou para o jovem rico que sua riqueza não lhe dava vida plena; tocou com as mãos o leproso que era rejeitado pela sociedade; e entre tantas outras coisas, mostrou que a morte não dará, nunca mais, a última palavra, mas, que o seu Caminho transpassa todas as misérias humanas, culminando numa felicidade eterna. Nossa missão lá, foi um pouco disso: descobrirmos juntos daquelas comunidades os caminhos do Senhor e os sinais de Cristo, no trajeto de suas vidas, bem como na nossa. Posso dizer que se mostramos a presença de Deus no meio deles, muito mais aquelas pessoas, com suas vidas, mostraram para nós que Deus está presente em nossa vida.

Portal SCJ: Como você percebeu a religiosidade no Nagibão?

A região tem uma história junto ao catolicismo, mas é muito forte a presença de outras denominações religiosas. Porém, o importante é que não há uma indiferença quanto à fé,  e mesmo diante de um mosaico religioso, percebemos que se trata de uma busca pelos caminhos de Deus e, poderemos juntos, construir, “re-ligar-nos” à comunhão vivificante e amorosa de Deus.

Quando a própria comunidade, quando chegamos fomos recepcionados com grande alegria. Com muita coragem eles assumiram a missão na paróquia, trabalharam conosco, visitamos seus familiares e doentes, rezamos juntos aos jovens e crianças, além de refletirmos juntos sobre a palavra de Deus em nossa vida e sobre a liturgia (nossos serviços para com os irmãos). O mesmo ocorreu nas colônias, e foi de fato, marcante, seja pelo modo de vida fraterno, seja pela receptividade da missão.

Portal SCJ: Tendo em vista a experiência missionária em Paragominas, uma mensagem… 

A música “Alma Missionária” traduzida para o português na voz de Ziza Fernandes traduz um pouco daquilo que experimentamos na Eucaristia celebrada ao final daquela vivencia missionária. Na celebração eucarística, a assembléia, em um só coração e uma só alma, cantou: “leva-me aonde os homens necessitem Tua palavra, necessitem de força de viver”. Se é que podemos falar de missão, que todos nós possamos, ter a coragem de agir segundo  o coração de Cristo, sentir misericórdia pelos caídos, irar-se com os atos injustos, morrer pelos irmãos e ressuscitar a esperança de vida em Cristo.

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