Deus conosco
Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco. (Mt 1,23).
Enquanto por muito tempo o homem, com sua filosofia e sua teologia, buscou um Deus distante e inalcançável, há mais de 2.740 anos o profeta Isaías já havia anunciado que o messias seria o Emanuel, o Deus conosco. A Liturgia, acompanhando o pensamento de Isaías, no II Prefacio do Avento, nos diz que “Deus vem sempre ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana.” Isto é o grande milagre do Natal. Um Deus que se faz homem “conosco”, o céu que vem à terra, a terra que se torna céu. O divino se torna humano para que o humano se torne divino. A partir da noite de Belém temos a certeza absoluta de que aqui na terra é possível encontrar a Deus e viver em comunhão com Ele. Se viver em comunhão com Deus é Paraíso, então é possível aqui na terra fazer experiência do Paraíso. O Presépio, na sua poesia, na capacidade que tem de suscitar ternura no nosso coração, já é um pouco de Paraíso.
Celebramos Natal todo ano, não para celebrar uma lembrança, mas para retomar o rumo certo, para saber por onde vamos, o que queremos, o que vamos construir. Natal é uma estrela de luz. Uma luz interior que nos ensina a viver entendendo o que vale a pena ser vivido ou não. Enquanto o mundo continua buscando uma riqueza sempre maior, que de um lado torna mais digna a vida humana, mas do outro, gera divisão e miséria em uma grande parte do mundo, o Senhor da vida continua mostrando a força de uma criança pobre, nascida numa manjedoura. A beleza do Natal está na alegria dos Anjos, dos pastores a daquele “Gloria a Deus nas alturas” que se eleva no canto harmonioso e alegre. Se fosse uma noticia do Jornal Nacional, seria uma noticia trágica de uma criança anunciada como salvador do mundo, que nasceu na miséria. Mas não foi assim, a alegria tomou conta da noite de Belém, e ainda contagia o mundo inteiro; um mundo onde milhões de abraços se dão um Feliz Natal, talvez sem saber de onde vem aquela alegria.
Mas a riqueza que o mundo precisa está nesta alegria. A Alegria de ter como Senhor, não um poderoso, mas uma criança. A Alegria de ter como palácio do salvador uma manjedoura. A Alegria de ver que, ao lado do Salvador, não estão políticos interesseiros, mas um pai e uma mãe sinceros e pobres como a criança que geraram longe da própria casa. A riqueza do Natal está na criança, na sua pureza e na sua capacidade de expressar o Amor e a Ternura de Deus que nos ama infinitamente. A riqueza do Natal está no coração de Maria e de José. A riqueza do Natal está no coração dos pastores. Está no coração dos Magos. A riqueza está dentro e não fora. Se entendêssemos o Natal, buscaríamos a riqueza que está dentro de nós: bondade, compaixão, ternura, solidariedade, fraternidade, perdão. Usaríamos a riqueza material para fazer mais bonita a humanidade e todos os povos da terra.
Aproveite seu Natal para partilhar com quem precisa e tornar mais rico seu coração. Descobrindo que nascemos para brilhar dentro e não apenas por fora. Não demore: o mundo precisa da sua bondade, não a desperdice. Feliz Natal a Todos!