Cuidar e não dominar- Homilia do 27º domingo do tempo comum
Antes de fazer a sua reflexão, leia o evangelho do XXVIIº Domingo do Tempo Comum clicando aqui!
Mais uma vez uma parábola sobre a vinha. Um símbolo muito usado pelos profetas que assume diferentes significados, mas sempre parecidos: a vinha é Israel, a vinha é o Reino de Deus, a vinha é o mundo que Deus criou. Na parábola de hoje assistimos a extrema tentativa de Jesus de mudar o coração daqueles que desejam matá-lo. Deus ama e quem ama deixa livre. Deus não nos impõe o seu amor, nos convida e aguarda a nossa resposta. Na lógica do amor e da liberdade existe sempre a possibilidade e o perigo de negar a nossa resposta de amor. O amor de Deus em muitas e muitas pessoas não é um amor correspondido.
Esses vinhateiros representam o homem que toma posse daquilo que não é dele, toma posse da vida e do mundo como se fosse tudo dele. Representam o homem que está deturpando plenamente o mundo de Deus. O mundo que vivemos ainda não é de Deus.
É aquilo que assistimos todo dia, esse egocentrismo patológico das pessoas que representam um homem que se tornou déspota e não mais jardineiro de Deus. Mandamos no mundo e não cuidamos dele. Em nível de meio ambiente isso é claro demais. O homem que quer fazer da natureza apenas uma fonte de lucro e a domina sem cuidar dela. Como fala Papa Francisco, e os outros Papas também falavam: deixaremos para os nossos filhos um deserto chupado como uma laranja. Este homem que serve ao Deus poder/dinheiro e não mais ao Deus verdadeiro. Por isso precisa matar o Deus verdadeiro: no tempo de Jesus colocando-o na cruz e hoje tirando Deus da vida dos homens, fazendo das pessoas corpos sem alma. O Homem que fica totalmente perdido, que não sabe viver em paz e por isso precisa sempre de um inimigo e a destruição do outro acaba ficando como única razão de vida. Veja o ditador da Coreia e a trágica briga de palhaços que disputam a bomba mais poderosa.
Mas precisamos entender como numa escala menor tudo isso atinge nossas vidas. Vejo como nós também recebemos a vinha do Senhor, a nossa vida e a estamos deturpando e matando o Deus vivo e verdadeiro.
Matando o Deus de misericórdia teremos apena ódio e vingança. Parece que como o ditador maluco nós também não sabemos mais viver na paz e precisamos arrumar inimigos para destruí-los, mesmo que isso seja feito apenas com palavras e desprezo.
Matando o homem a imagem de Deus teremos fantoches sem coração.
Matando o Deus da Partilha, que reparte pão e vinho conosco, seu Corpo e seu Sangue, seremos incapazes de partilhar. Vejo isso muitas vezes com dor e com pena, das pessoas que não enxergam mais a possibilidade de ajudar os outros e que se convencem que se estão numa situação boa é porque nunca ajudaram e fazem do braço curto e da mão fechada o próprio estilo de vida: se isso não é a negação de Deus, não sei o que seria!
Não entramos nesta falta de sentido. Escolhemos o Deus da Paz, da Misericórdia, da Partilha, o Deus que nos faz cuidadores da vida, dos outros e do mundo e não donos.
Padre Graciano Cirina
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Poços de Caldas- MG | Diocese de Guaxupé