Paróquia
Sagrado Coração de Jesus

Poços de caldas - mg | Diocese de guaxupé

Paróquia hoje:

Coração de Misericórdia

Contexto atual

Vivemos uma sociedade sem misericórdia. Há muita gente pronta a condenar, pronta a jogar pedras, pronta a julgar. Existe uma fome de condenação. As pessoas querem entrar na vida dos outros, mesmo quando não tem nenhum direito. Uma mulher grávida pela quarta vez me dizia uma vez que ao entrar na padaria ouvia as palavras das pessoas a julgando como louca ou sem responsabilidade.

Há uma “fome” dentro de nós que nos leva a falar mal dos outros.. No fundo isso é uma fuga porque não sabemos ficar sozinhos com nossas perguntas, nossas contradições; não nos conhecemos por dentro, temos medo de nos conhecer, de conhecer nossos defeitos; temos pavor de falar dos nossos defeitos, tanto os defeitos psicológicos, morais ou físicos. Temos medo da verdade.

Por agir desta maneira, temos três conseqüências importantes:

1. Achamos que os outros vivem olhando para nós e nos colocamos como centro das atenções.

2. Em lugar de buscar a verdade/contradição dentro de nós, a buscamos nas outras pessoas.

3. Ao invés de nos mudar, tentamos mudar os outros, o que é impossível.

Dinâmica de grupo: comentar este 3 pontos a dois a dois, colocando algo de pessoal se tivermos confiança no outro.

1. Apesar das pessoas julgarem muito os outros e reparar a vida das outras pessoas, acontece que são preocupadas consigo mesmas.

2. Sentimos a necessidade da coerência nas outras pessoas e perdoamos facilmente as nossas incoerências.

3. Existe só uma pessoa que tem o poder de mudar: EU!!

Primeiro passo para viver a misericórdia: Aceitar o outro assim como ele é.

Precisamos afinar nossos sentimentos e começar a trabalhar novas atitudes que não temos o costume de praticar. Uma delas é mesmo a base da misericórdia, mesmo que ainda não seja exatamente um ato de perdão.

Aceitar o outro assim como ele é.

1. Para conseguir isso é necessário saber lidar com antipatias. Precisa saber racionalizar nossos sentimentos e entender que podem existir muitas coisas que geram antipatia: a voz da pessoas, seus jeitos, comportamentos. Ficar presos a uma antipatia é um tanto infantil, mas é o que mais acontece entre nós; a expressão típica disso é “não vou com a cara dele/a”.

2. Para superar isso precisamos entender que o outro não tem nenhuma obrigação de me agradar, de ser de um jeito que eu gosto.

3. Vamos lembrar também, algo que já sabemos, o nosso amor, a maneira que temos de amar, não pode ser uma reação, mas uma decisão. Em outras palavras temos que aprender a agir e não re-agir.

4. Se for verdade que a antipatia não é algo que podemos determinar, mas acontece sem a gente querer, precisa também aprender a controlar isso.

5. Às vezes uma antipatia muito forte manifesta afinidade, concorrência.

Segundo passo: Viver reconciliados

“Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!
Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério desta reconciliação.
Porque é Deus que, em Cristo, reconciliava consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação.
Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!
Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornássemos justiça de Deus.” (2Cor 5,17-21)

Não é possível aprender a perdoar se eu não tenho a paz interior. Esta paz nasce de um relacionamento aberto e sereno com Deus. Você deve sentir que Deus está do seu lado, que caminha com você. Não podemos fugir de Deus, precisamos aprender a estar na sua frente.

A reconciliação é um ato de Deus. Não é a gente que se reconcilia, mas Deus que nos reconcilia consigo mesmo. Esta experiência se da no silêncio, quando ouvimos a Deus.

Temos um conceito errado de misericórdia divina. Por muito tempo pensamos que uma boa confissão era relacionada a nossa lista de pecados, perfeita em gênero e numero.

Esta minha relação com Deus mudou um dia numa experiência de oração. Estava ouvindo uma musica na cama de hospital: “O que tem de bonito numa rosa murcha? È que apesar de tudo ela é pra você!”.

Esta frase de uma pessoa apaixonada me tocou muito. Desliguei a musica e comecei a chorar sozinho; a cada lagrima a minha alma era invasa de uma paz cada vez mais profunda. A sensação era de um amor profundo e único. Senti realmente que Deus estava dentro de mim.

O tempo passou sem perceber. Enfim disse pra Deus na minha oração: “Pai, não importa se sou uma porcaria, se não sou perfeito, se não sei amar, o que importa mesmo é que eu sou teu”. Havia entendido perfeitamente que sou de Deus e que ele me ama assim como sou. A partir daquele momento aprendi que não preciso esmolar o amor. Sei que o amor é uma força que produz amor. A gente tem que amar. Não preciso agradar a Deus, pois ele já fez de mim do seu agrado. Não preciso agradar ninguém, preciso amar de verdade. A estima que existe entre pessoas não pode ser fruto de troca de favores, mas é o fruto do amor. As vezes o amor não agrada. A busca de ser pessoas que conquistam o amor dos outros, a estima, sendo agradáveis, nos leva a ser hipócritas.

A certeza de que Deus me ama é a minha paz interior. As vezes a falta de paz exterior tenta destruir a paz interior. Posso perder a paz exterior por causa dos outros: acusações, calúnias, agressões, mentiras, traições.

“Dar a outra face é um símbolo de maturidade e força interior. Não se refere à face física, mas à psíquica. Dar a outra face é procurar fazer o bem para quem nos decepciona, é ter elegância para elogiar quem nos difama, altruísmo para ser gentil com quem nos aborrece. É sair silenciosamente e sem estardalhaço da linha de fogo dos que nos agridem. Dar a outra face previne homicídios, traumas, cicatrizes impagáveis. Os fracos se vingam, os fortes se protegem.”

(Livro, O vendedor de sonhos, Augusto Cury)

A paz interior é uma conquista.