Pecar é falhar no projeto da vida, é distrair-se da meta, é colocar-se no centro do mundo e não buscar o sentido mais profundo da vida humana: a fraternidade em torno do único Pai. Pecar é desviar o olhar, o coração, as mãos e os pés do seguimento de Jesus Cristo. É trocar a força da presença pela compra de presentes. É pensar mais em si, do que se encontrar no outro. É absolutizar o relativo, e banalizar o eterno. É preferir mais os instantes do que a plenitude, é fixar-se demais no provisório e desistir de buscar o Inefável.
Por isso Cristo veio ao mundo, para dizer que o Natal só tem sentido quando o ser humano é capaz de ver o que tem de mais belo no outro. Superando todo fechamento, o ser humano abre-se até as potências infinitas de Deus.
Dessa realidade plena, Maria é mãe e mestra. Ela viveu em um mundo marcado por contradições e dificuldades. Mas sua grandeza estava na humildade de sua experiência. Aquela Menina de Nazaré, que viveu num lugar simples e pequeno, tornou-se a mulher que todas as gerações cantam e louvam. Ela carregou em seu ventre o Menino Deus, seu corpo foi o primeiro sacrário da história, sua carne tornou-se carne de Jesus, seu olhar de mãe velou o sono daquele que tudo governa. O criador se fez criança nos braços dessa grande e humilde mulher.
Celebrar a Imaculada, às vésperas do Natal, é contemplar a Virgem de Nazaré grávida do Menino Deus, grávida de todas as esperanças de uma humanidade livre do mal e do pecado. Maria carrega o Salvador no ventre e nos braços. A humanidade precisa, mais uma vez, neste final de ano, deixar-se envolver por essa ternura da Mãe de Deus. Não podemos nos distrair. Não há crise, provação ou dificuldade que possa roubar a esperança de quem se encontrou com Jesus Cristo. Com a Imaculada, é preciso proclamar que o Natal é tempo de fazer brilhar o que há de mais belo no ser humano: a capacidade de amar e ser amado. Esse amor só pode ter uma fonte: Deus!
Por Dom Leomar Brustolin – Bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS)