CNBB defende ampliação de direitos trabalhistas, neste 1º de maio
Em mensagem por ocasião do Dia dos Trabalhadores, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) considerou a situação atual da economia que gerou mais de 10 milhões de desempregados e indicou como caminho o “permanente diálogo e de iniciativas político-econômicas que atendam efetivamente aos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente dos mais pobres”. De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no dia 29 de abril, a taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2016 chegou a 10,9 por cento da população economicamente ativa.Leia, abaixo, a íntegra do texto:MENSAGEM DA CNBB AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS
“Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho” (Jo 5,17).
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, por ocasião do dia dos trabalhadores, manifesta sua solidariedade aos homens e mulheres, do campo e da cidade, particularmente aos jovens que, pelo trabalho, constroem as suas próprias vidas, suas famílias e a nação brasileira. Ao mesmo tempo, presta homenagem às pessoas que doaram e doam sua vida, lutando pelo direito dos trabalhadores e trabalhadoras.
A dimensão do trabalho vai além da produção de riqueza, pois é “mediante o trabalho que o homem deve procurar o pão quotidiano e contribuir para o progresso contínuo das ciências e da técnica, e sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os próprios irmãos. E com a palavra trabalho é indicada toda a atividade realizada pelo mesmo homem, tanto manual como intelectual, independentemente das suas características e das circunstâncias, quer dizer, toda a atividade humana que se pode e deve reconhecer como trabalho, no meio de toda aquela riqueza de atividades para as quais o homem tem capacidade e está predisposto pela própria natureza, em virtude da sua humanidade.” (João Paulo II, Laborem Exercens).
As comemorações desse 1º de maio acontecem em meio a uma profunda crise ética, política, econômica e institucional. Os trabalhadores e as trabalhadoras são afetados e ameaçados pelo desemprego, por precárias condições de trabalho, pela tentativa da flexibilização das leis trabalhistas e pela regulamentação da terceirização. Com isso, restringe-se o acesso aos direitos, expõe-se a baixos salários, a jornadas exaustivas, a riscos de acidentes e a alta rotatividade no mercado.
É urgente a superação dessa realidade de crise, através do permanente diálogo e de iniciativas político-econômicas que atendam efetivamente aos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente dos mais pobres, ao invés da lógica do mercado e dos interesses partidários. É preciso, acima de tudo, assegurar a manutenção dos direitos trabalhistas adquiridos e incentivar a ampliação dos mesmos.
Incentivamos os trabalhadores e trabalhadoras e às suas organizações a colaborarem ativamente na construção de uma economia justa e includente que assegure os seus direitos.
Recordamos as palavras do Papa Francisco: “cada trabalhador, quer faça parte, quer não, do sistema formal do trabalho assalariado, tem direito a uma remuneração digna, à segurança social e a uma cobertura para a aposentadoria” (Francisco, Encontro mundial dos movimentos populares, 2015).
Por intercessão de São José Operário e da Senhora Aparecida, a bênção de Deus alcance os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.
Brasília, 1º de maio de 2016
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia- BA
Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário Geral da CNBB
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