Catequese renovada Maria Inês Coordenadora Diocesana de Catequese
Por ocasião do cinquentenário da abertura do Vaticano II, somos convidados a refletir qual a contribuição e o impulso que este concílio inovador deu à catequese no Brasil. Quando olhamos para a história, po- demos constatar que, em vários períodos, a catequese esteve presente na vida das pessoas como instrução e como processo que valorizava mais o aprendizado indivi- dual. Já não era tão marcante a ligação com a comunidade e, por muito tempo, confundida de muitas maneiras, inclusive com o ensino religioso.
JOÃO PAULO II DIZ:
“Os últimos papas atribuíram à catequese um lugar eminente na sua solicitude pastoral. Nesta linha, Paulo VI, com seus gestos, sua pregação e sua interpretação autorizada do Concílio Vaticano II – que ele considerava o grande catecismo dos tempos modernos – e ainda com toda sua vida, esse meu venerando predecessor serviu à catequese da Igreja de modo particular- mente exemplar. Com efeito, foi ele quem aprovou a 18 de março de 1971, o ‘Diretório Geral de Catequese’, preparado pela Sagra- da Congregação para o Clero, um Diretório que continua a ser o documento base para estimular e orientar a renovação catequéti- ca em toda a Igreja” (Exortação Apostólica Catechesi Trandedae de João Paulo II).
UM POUCO DA HISTÓRIA
“Catequese Renovada – Orientações e Conteúdos” é um documento aprovado pelo episcopado brasileiro, na 21ª Assembleia Geral da CNBB, em Itaici (1983) e dedicado, de modo especial, a todos os agentes de Catequese da Igreja no Brasil.
Estas orientações catequéticas, inspiradas nos documentos da Igreja (Vaticano II, Puebla, Medellín, Evangelli Nuntiandi e Catechesi Trandedae), quiseram ser uma resposta aos apelos do Papa João Paulo II, na sua visita ao Brasil (1980), quando então dizia: “A Catequese no Brasil é uma urgência. Só posso admirar os pastores zelosos que em suas Igrejas procuram responder concretamente a essa urgência, fazendo da catequese uma prioridade” (Encontro com os Bispos em Fortaleza – 10 de julho de 1980).
Desta forma, percebendo as necessidades pastorais, obedecendo à voz do Papa e depois de ter pedido a colaboração e as su- gestões dos agentes de Catequese de to- dos os níveis e enriquecido por três Assem- bléias Gerais da CNBB (1981, 1982 e 1983), nasce o que dizemos em nossa linguagem catequética o alicerce de uma casa construída em cima de uma rocha. Este documento influenciou de maneira marcante a Catequese no Brasil e, segundo o Documento de Puebla, a Catequese passou a ser compreendida como “Processo de Educa ção da Fé”: em comunidade, sendo dinâmica é sistemática e também permanente. Num notável esforço, a catequese no Brasil passou por diversas fases nas quais, sucessivamente, os acentos e preocupações re- caíam sobre o conteúdo, método, sujeito e, mais recentemente, sobre o objetivo da catequese (CR 21).
Portanto, este documento deixa muito claro que é preciso ser fiel à transmissão da mensagem bíblica e da doutrina, mas também é preciso assumir na catequese as angústias e esperanças do ser humano na realidade de cada um. Sendo assim, precisamos compreender que a catequese é espaço para conhecer a Deus e também as necessidades humanas.
ENTÃO, O QUE É CATEQUESE RENOVADA?
Em muitos lugares, a Catequese ain- da continua a merecer maior atenção de nossa parte, coordenadores, catequistas, sacerdotes, seminaristas, religiosos e tam- bém das famílias, pois, muitas vezes, por falta de formação e informação, ainda se mantém na Catequese Renovada certos dualismos entre a Catequese sacramental e a Catequese vivencial. Junto com tudo isso, vem a preocupação em se fazer uma Catequese com menos “cara de escola” e, consequentemente, sem “cara de aula”. A Catequese Renovada apresenta quatro exigências a serem consideradas:
Cristocêntrica: “Cristo deve aparecer como a chave, o centro e o fim do homem, bem como de toda a história hu- mana” (CR96).
Integridade: Os cristãos têm direto de receber a Palavra da fé plena e integral. Hierarquia das Verdades: O catequista deve saber distinguir o que é funda- mental, essencial para cada parte da mensagem. Dentre muitas coisas que são verdadeiras, há algumas que são importantes – essa importância deve ser destacada.
Adaptação: “adaptação significa levar as condições históricas e culturais dos catequizandos. A integridade do conteúdo pode e deve ser comunicada numa linguagem adequada aos tempos de hoje”(CR101). Assim, o catequista é chamado a conhecer bem, tanto o conteúdo como o destinatário. Consideramos que, sem esta adaptação, a Catequese Renovada não fica completa.
PODEMOS DIZER QUE A NOSSA CATE- QUESE É RENOVADA QUANDO:
1. É uma caminhada de fé e não simples ensino da Doutrina.
2. Quando é um processo permanen- te numa catequese de adultos e não somente para crianças, adolescentes e jovens, tendo apenas em vista a prepa- ração aos sacramentos.
3. Quando a comunidade é catequiza- da e catequizadora, na certeza de que ela é fonte e lugar da educação da fé.
4. Quando Jesus Cristo é o centro da
catequese, como caminho ao Pai e aos irmãos, pelo Espírito Santo.
5. Quando a Bíblia é a fonte da catequese.
6. Quando a catequese introduz na vida litúrgica, prepara para os sacramentos, dentro de uma caminhada contínua de comunidade.
7. Quando prepara o catequizando para assumir seu papel na sociedade como verdadeiro cristão.
8. Quando a catequese está presente nos costumes e nas festas do povo.
9. Quando entra no processo metodológico da interação “fé-vida”.
10. Quando há participação da catequese nas outras dimensões da ação pastoral da comunidade.
PODEMOS DIZER QUE NOSSA CATEQUE- SE NÃO É RENOVADA QUANDO:
1. Fica na função de “passar” aos catequizandos somente um conjunto de verdades definidas e de dar fórmulas prontas.
2. Quando a catequese é um fato isolado da vida e da comunidade.
3. Quando se limita à preparação imediata aos sacramentos.
4. Quando deixa de apresentar propostas aos problemas concretos da vida, de acordo com a faixa etária do catequizando.
5. Quando não há esforço para desescolarizar a catequese, porque ela realmente é diferente da escola.
6. Quando não é bem preparada e acaba ficando tudo no improviso.
7. Quando não está atenta à realidade dos catequizandos e suas famílias.
8. Quando a formação inicial e permanente do catequista não é prioridade.
9. Quando o encontro catequético passa a ser doutrinamento meramente recepti- vo e passivo.
10. Quando a catequese não apresenta o projeto de Deus na vida do catequizando.
PARA REFLETIR E PARTILHAR NO GRUPO DE CATEQUISTAS:
*Em nossa comunidade que cara têm os encontros catequéticos?
*Diante destes vinte e nove anos da Catequese Renovada em nossa Catequese:
O que já realizamos? Onde precisamos melhorar? Que novos desafios a realidade de hoje nos apresenta?
Embora muitos outros aspectos possam ser analisados e estudados para que nossa catequese seja realmente transformadora, desejamos ver cada um de vocês sempre disposto a anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, com pés ágeis e coração apaixonado. Contamos com você. Catequista, Deus o abençoe!
Maria Inês Moreira – Coordenadora Diocesana de Catequese