Buscar a semelhança com Deus- Homilia da Solenidade de Todos os Santos- Pe Graciano
Hoje dia de todos os Santos a igreja celebra a santidade do povo de Deus, que não é privilegio apenas dos santos canonizados, mas a herança de todos os filhos e filhas de Deus, como ouvimos na segunda leitura de São João (1 Jo 3, 1-3). Podemos dizer que a vida que recebemos vem de Deus nosso criador e a Ele todos voltamos, ou melhor todos somos chamados a voltar. Portanto, este domingo é uma ótima oportunidade para falar em santidade, palavra que nos assusta, pois a este conceito associamos conceitos de perfeição, de vida heroica, de milagres, que consideramos algo inalcançável e na verdade muito comprometedor, pois não poderíamos mais vacilar ou mostrar nossas fraquezas e contradições. Porém a realidade é outra, a realidade é todos desejamos alcançar o paraíso. Para isso precisamos aqui na terra buscar uma vida santa, bem no estilo do que ensinava Tereza de Lisieux: não ter uma vida extraordinária, mas fazer as coisas ordinárias de maneira extraordinária.
Para ter uma vida santa não precisa ser uma pessoa extraordinária, precisa, porém, uma busca de vida coerente com a Palavra de Deus. Por isso o evangelho nos apresenta a proposta de Jesus que é um passo a frente dos dez mandamentos.
Mateus, cujo evangelho é direcionado aos judeus, apresenta a nova aliança proposta por Jesus Cristo, o novo e definitivo Moisés. Moisés a partir do monte Horebe, apresentou as tábuas da lei, os dez mandamentos. Jesus é o novo Moisés que oferece a nova aliança, o texto desta nova aliança são as bem-aventuranças. Os mandamentos eram quase todos em forma negativa, não faça isso, não faça aquilo, já as bem-aventuranças são em forma prepositiva e positiva. Esta nova proposta de Jesus não é baseada apenas na observação da Lei, mas na semelhança ao Pai, acolher e praticar o amor é possível para todos.
Mateus detalhista quer mostrar ao povo Judeu que Jesus é o novo Moisés que vai conduzir o povo a vida de Deus. Escolheu 8 bem-aventuranças pois nas comunidades o dia da ressurreição era chamado o oitavo dia. Usa 72 palavras, pois este número representa todos os povos da Terra, e a mensagem de Jesus é para todos e não apenas para os Judeus.
Elas descrevem a maneira de ser de Deus e nos convidam a ser como ele: ser pobre em espírito, ser aflito, ser manso, ter fome e sede da justiça, ser misericordioso, ser puro de coração, promover a paz, ser perseguido por causa da justiça, são as maneiras que temos aqui na terra de buscar a semelhança com o Pai, é algo que não podemos negociar, são caraterísticas essenciais para quem deseja seguir Jesus.
Um desafio gigante na nossa vida, mas um caminho necessário se queremos falar em santidade. Podemos dizer que mesmo na nossa cultura de interesse e violência, intolerância e divisão, com pessoas que se sentem em direito de odiar o próximo, ainda este jeito de ser de Deus incomoda e de uma certa forma é admirado. Basta ver quanta admiração tem Papa Francisco pelas suas mensagens sempre comprovadas pelo exemplo das suas atitudes, mas em poucos somos disponíveis a fazer como ele. O discurso nos atrai, mas a prática nos assusta, pois evidencia como somos pequenos de coração, como deixamos morar em nosso coração sentimentos horríveis, como temos pouca vontade de ser bons, justos, honestos, misericordiosos, pacíficos e puros de coração. Quem sabe que hoje não temos uma oportunidade de refletir e decidir de despejar da casa do nosso coração os inquilinos tão negativos e acolher a proposta de Jesus Cristo.
Padre Graciano Cirina
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Poços de Caldas- MG | Diocese de Guaxupé