Amar à maneira de Deus, não dos homens- Homilia do 7º domingo do tempo comum- Pe Graciano
Para entender o evangelho de hoje existe uma condição fundamental: “A VÓS QUE ESCUTAIS EU DIGO”.
Precisamos escutar o Mestre. Não se trata apenas de ouvir, mas escutar, isto é, deixar que a Palavra do Mestre mude o nosso jeito de ser. Significa se colocar aos pés dele para aprender. Escutar não é apenas ouvir, mas desejar aprender sobre Deus, desejar aprender o que Deus pensa de nós, aprender o que Deus pensa do jeito que o mundo anda. Sem estas atitudes não seremos nunca ouvintes do Mestre. Seremos como os alunos que vão para escola, mas não prestam atenção e não aprendem nada. Se não somos verdadeiros ouvintes, teremos sempre mil desculpas para continuar a pensar como sempre pensamos e nos achar certos. Certos, mas distantes do coração de Deus, distantes do nosso Mestre.
Jesus não aceita o mundo como é. Desde que Caim matou Abel, Deus paga um preço enorme pela liberdade que nos deu, como dizia o evangelho domingo passado, o homem é capaz de produzir o mal. Inimizade, violência, injustiças, ganância, são “criações dos homens”, não são coisa de Deus.
Portanto se queremos ser do jeito que Deus quer, precisamos mudar de rota, precisamos buscar a transformação que nos aproxima de Deus. Amar os inimigos, perdoar, ajudar quem precisa, dar o que é nosso a quem precisa, são a única maneira de vencer o mal. O ódio não se vence com mais ódio, as calúnias não se vencem com mais calúnias. Amar os inimigos é a única maneira de vencer a inimizade. Perdoar é a única maneira de vencer as ofensas.
Claro, a linguagem de Jesus é extrema e aponta a uma mudança radical do coração. Aponta para um caminho de transformação. Este caminho tem uma metodologia que Jesus sugere, que chamamos Regra de Ouro: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles.” Aprender que o outro sou eu. Usar o que eu gostaria de receber como inspiração para o meu agir.
Jesus mostra toda a inconsistência e fragilidade do amor a maneira dos homens, quando repete várias vezes: Até os pecadores fazem assim...!
O amor verdadeiro não é troca de favores, de interesses. Não é assim que Deus nos ama. Se ama porque se acredita na força do amor, não por receber algo em troca.
Vem finalmente a grande proposta de Jesus de colocar o nosso coração no coração de Deus. O coração de Deus que deve inspirar nosso caminhar.
Sede misericordiosos como o Pai. Não julgueis. Não condeneis. Dai e vos será dado. Jesus nos convida a não por limites ao nosso amor.
Nos acostumamos ao amor limitado/limitante. Reagimos ao que recebemos. Com isso o nosso comportamento não é uma opção de vida, mas uma resposta ao mal que recebemos. Se cria um círculo vicioso sem saída. Jesus convida a amar por opção, a perdoar por opção. Construir a nossa vida a partir das nossas escolhas e não do comportamento dos outros. Amo porque quero amar a maneira de Cristo. Neste sentido a vida não é “reagir”, mas agir de maneira nova, com a luz de Deus, na força que vem do alto. Só assim seremos transformados. Fora disso existe uma religião que não toca o nosso ser e muito menos o próprio Deus: “Quando estendeis vossas mãos, eu desvio de vós os meus olhos; quando multiplicais vossas preces, não as ouço. Vossas mãos estão cheias de sangue.” (Isaías 1,15)
Padre Graciano Cirina
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Poços de Caldas- MG
Diocese de Guaxupé