Jesus nasce na cidade de origem de Davi, e descende da dinastia desse grande Rei. O foco da justiça recai sobre Ele para enfrentar a cultura das injustiças, que sempre dominaram o itinerário dos povos. Injustiças que ameaçam a vida e a identidade das instituições. É triste comemorar mais uma festa de Natal entranhada por uma cultura com marcas profundas de injustiça.
Com Jesus, a história de quem acreditou Nele, tomou um novo rumo. Segui-Lo supõe autenticidade, vida honesta e prática da justiça social. O que vemos hoje é uma afronta aos princípios do cristianismo, que até envergonha os honestos na celebração do Natal. Tudo tem se transformado em interesses particulares, acirrando as diferenças sociais.
A política deixou de ser a arte de bem administrar e um bem para a vida, e se transformou em caminho fácil de corrupção. O cenário do Congresso Nacional é alarmante, fazendo do Brasil uma Aldeia de políticos despreocupados com a identidade dos brasileiros. Mas somos culpados, porque foram eleitos com o nosso voto.
A corrupção está presente, como efeito cascata, em todas as áreas da nação brasileira. Podemos até dizer que o Brasil é um país doente, necessitado de um processo de conversão. O Papa Francisco convoca o mundo para um tempo de misericórdia, que deve atingir o coração de nossos políticos.
As dimensões da Aldeia de Belém, em relação ao Brasil, são destoantes. Em Belém, Jesus foi homenageado pelos Reis do Oriente, e reconhecido como Rei do universo. As explorações praticadas no Brasil fazem do país uma casa de grandes preocupações. Com isto o Natal fica sendo uma festa desfigurada e incompatível com a identidade de Jesus Cristo.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG)