Água viva, luz, vida e Ressureição
Estamos chegando à semana mais importante da nossa fé: a Semana Santa. Nela viveremos o sentido do porquê acreditarmos em Jesus Cristo. Não pode passar despercebido que, nestas semanas, não somos meros espectadores dos atos litúrgicos, mas precisamos deixar-nos envolver pelo Mistério de Deus e da vida divina semeada em nosso coração. Deve ficar claro que, ouvindo as lindas páginas dos evangelhos celebrados no terceiro, quarto e quinto domingos da quaresma, aquelas personagens representam a nossa vida, somos nós mesmos.
A samaritana, o cego de nascença e Lázaro representam estados da nossa alma, do nosso espírito. Como a Samaritana, temos muito mais que sede de água do poço; temos sede de verdade, de plenitude, de felicidade, de uma vida cheia de sentido e valor.
Como o cego que é curado por Jesus, precisamos vencer a pior das cegueiras: a cegueira da alma; precisamos ver não apenas a aparência da vida, mas atingir a luz de Deus para vencer toda escuridão. Dizia bem padre José Alem na sua homilia: “Muitas pessoas têm a alma no escuro”. Conhecemos bem nossa vida sombria, mas podemos abrir o coração à luz que vem de Cristo.
Como Lázaro, podemos estar num túmulo há muito tempo. Sem matar a sede de sentido e sem uma visão real da vida iluminada por Cristo, criamos o túmulo da nossa infelicidade, gastando a vida em coisas superficiais e vivendo sentimentos pobres e mesquinhos. Quanta amargura nas nossas vidas, quanta falta de amor e de paz!
A ressurreição de Lázaro nos ensina que é possível sair deste túmulo que criamos com as nossas próprias mãos. O curso sobre Comunicação nos mostrou que tudo começa nos nossos pensamentos, nas nossas ideias, na nossa cultura; daí é que nascem os nossos sentimentos e maneira de perceber a vida; e os nossos sentimentos nos levam a agir em determinada maneira.
Se pensamos que o amor não existe, que existe apenas interesses e egoísmo, teremos sentimentos de desconfiança e pessimismo, e agiremos sem amor, nos fechando em nós mesmos e criando assim o túmulo da nossa infelicidade. Mas se acreditamos no amor e pensamos que Deus nos criou para amar, então teremos sentimentos de bondade, compaixão, fraternidade, carinho, doação e agiremos com gestos de amor e altruísmo, nos doando com alegria. A nossa visão do mundo será bem diferente.
Portanto abramo-nos para a Ressurreição, renovando a nossa fé, o nosso Batismo. Não se trata de devoção apenas, mas de um envolvimento alegre e corajoso com Jesus Cristo e sua Palavra, de maneira a transformar nossa vida num caminho de amor, serviço, doação, vendo em todos os momentos da vida a oportunidade de agir para o bem de todo o corpo que é a Igreja, o mundo.