Acreditar na Eucaristia é viver uma vida Eucarística
Nas semanas passadas vivemos momentos intensos de fé na Celebração do Corpus Christi e durante a Novena do Sagrado Coração, terminando com a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Entre a Eucaristia e o Sagrado Coração de Jesus não há diferença: é o mesmo amor, é a mesma compaixão, mesma misericórdia. O Coração Sagrado de Jesus reparte conosco sua vida, seu amor, sua misericórdia, sua luz. Lembramos aqui as palavras do nosso Hino “Sagrado Coração do teu Povo”:
“Reparte o pão, reparte o amor, reparte a vida em comunhão
Reparte a paz, reparte a fé, reparte a vida no perdão
“Porque também o nosso amor seja sagrado, como é sagrado o teu…”
Cabe a pergunta: porque Jesus nos deixou a Eucaristia?
Podemos responder de maneira tradicional, dizendo que a Eucaristia é o pão do céu, e o alimento para nossa alma, o pão da vida eterna. Mas a resposta que considero a mais verdadeira e importante para nossa vida é esta: a eucaristia é o sacramento que opera uma transformação naquele que a recebe. Comungando a gente se torna semelhante a Jesus. Ela gera em nós um coração de carne, capaz de amar e perdoar; ela gera em nós o amor pela verdade e nos torna mais coerentes; ela gera em nós a compaixão, que é a capacidade de entender a situação de quem sofre e lutar para um mundo mais justo e fraterno; ela gera em nós a comunhão como estilo de vida, isto é a capacidade de viver em comunidade e de olhar para realidade não apenas do nosso ponto de vista, mas do ponto de vista de todos, do bem comum.
Participar da eucaristia não é um ato pessoal. Participar da Eucaristia é um ato comunitário; é se reconhecer parte da mesma família que celebra o pão repartido, como alimento e sinal de uma vida repartida. Vida eucarística significa aceitar o desafio da vida em comunidade, da busca sincera da fraternidade. Como não somos anjos este processo de vida fraterna é difícil, exige empenho, doação, generosidade, compreensão, acolhida, misericórdia. Nunca existirá uma comunidade unida sem não aprendemos a nos perdoar, a recomeçar, a ter paciência. Assim como não existe uma família unida se não tem perdão. A comunidade é sagrada porque é nela que Deus faz o milagre eucarístico, fazendo que muitos nos tornamos um só corpo, assim como muitos grãos se tornam o pão eucarístico.
Volto aqui a alertar o católico que participa da missa todo domingo em lugares diferentes: qual a sua comunidade? Não seria uma forma de fugir da responsabilidade de construir uma comunidade? Jesus opera em nós o processo de transformação não apenas quando vamos a missa, mas quando participamos de um verdadeiro processo de comunhão, aceitando os sucessos e os fracassos da nossa comunidade, aceitando os desafios, os sonhos; enfim sendo parte de um processo onde a pessoa deixa de ser “individualista“ para se tornar um “ser em comunhão”. A Eucaristia é o sacramento da comunhão onde muitos se tornam um só corpo. Ser comunhão é ser sagrado. Eu sou sagrado, eu sou feliz!