Paróquia
Sagrado Coração de Jesus

Poços de caldas - mg | Diocese de guaxupé

Paróquia hoje:
Voz do Pastor › 12/08/2016

A vida como resposta ao chamado de Deus

Do latino vocatus que significa “chamado” nasce o uso da palavra vocação que significa, na sua origem, alguém que se sente chamado a fazer o bem, ou a uma maneira especial de viver. Na tradição bíblica encontramos os grandes chamados de Abrão, Moisés, Jacó, David e depois todos os profetas como Isaías, Jeremias e Ezequiel, que sempre são chamados para que conduzam o povo na realização do projeto de Deus. A Bíblia, no seu contexto geral, mostra que Deus não age sozinho, mas que sempre chama colaboradores. Também Jesus, no início de sua missão, chamou alguns pescadores que, como relata o evangelho, “deixaram tudo e o seguiram”. Eram os irmãos André e Simão e os filhos de Zebedeu Tiago e João.

Deus nos doa a vida e depois nos chama a fazer parte da sua obra. No chamado a viver e a colaborar com Deus encontramos o sentido da vida. Neste chamado temos a resposta às grandes perguntas do ser humano: porque estou aqui? Qual o sentido da minha vida? Para onde estou indo? Qual o meu papel neste mundo?

Respondendo ao chamado de Deus descobrimos que não faz sentido viver apenas para nós e que a vida não pode ser um projeto fechado, mas a descoberta dos outros e de um projeto comum que envolve todos. O Papa Francisco fala do individualismo que está dominando a nossa cultura e da falta de um compromisso comunitário. No individualismo exacerbado a pessoa não se sente parte da família do planeta e age a partir apenas dos seus interesses, da sua afirmação pessoal, mesmo que esta prejudique os outros. No compromisso comunitário a pessoa já pensa de maneira muito diferente e se coloca a serviço do bem comum, mesmo buscando a sua realização pessoal, a sua felicidade.

A atitude certa de quem entende a vida como uma resposta ao chamado de Deus é bem representada pelas palavras de Francisco de Assis que todo dia, ao iniciar sua jornada, dizia “Senhor como posso te servir hoje?” e mais ainda naquela oração maravilhosa que todos conhecemos: “Senhor faz de mim um instrumento da sua paz”.

A vida vista como vocação supera aquela maneira errada de pensar que a vida é nossa e fazemos dela o que queremos, fazendo-nos senhores de nós mesmos. Interessante como o homem, apesar de sua fragilidade e de todos os seus limites, continua a viver como se fosse imortal. Fantástica a frase pronunciada pelo Dalai Lama, líder do Budismo: “Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido.”

O homem que se faz dono de si mesmo na verdade se faz escravo de muitas coisas. É na vida doada a serviço do projeto de Deus que nos livramos de todas as escravidões e alcançamos uma plenitude de sentido e uma felicidade que realizam plenamente a nossa vida.

Padre Graciano Cirina – Paróco – Paróquia Sagrado Coração de Jesus