“A Diocese de Guaxupé é a diocese sonhada por qualquer bispo”
Em 9 anos na Diocese de Guaxupé, data celebrada no dia 22 de julho, dom José Lanza Neto vive todas as incumbências de um bispo. Desafios, dores, alegrias e sonhos não faltaram à sua história de pastor. Preocupado com questões pastorais e administrativas, com a formação seminarística, empreendedor, também se apresenta aprendiz de seu próprio ofício. Quando interrogado sobre o ministério episcopal, diz que é “um jeito de alcançar a santidade”. Dom Lanza é atualmente o bispo referencial no Regional Leste 2 da CNBB para a Ação Missionária.
Sobre o atual período que vive na Diocese de Guaxupé, indica um tempo para ser celebrado, a maturidade da história consola, alegra e alicerça os motivos da celebração. Neste momento do percurso, quando a estabilidade floresce nas pastagens pastoris, o bispo pode afirmar: “A Diocese de Guaxupé é a diocese sonhada por qualquer bispo”.
Conheça a trajetória do atual Bispo diocesano da Diocese de Guaxupé no artigo publicado na Revista Centenário, lançada em dezembro do ano passado.
Primeiros anos e vocação
José Lanza Neto nasceu no dia 31 de dezembro de 1952, em Pirangi (SP). Filho do casal Osvaldo Lanza e Palmira Bobato Lanza, tem quatro irmãos: Genésio, Ivone, Alice e Ângelo.
Fez seus estudos colegiais em Jaboticabal (SP), Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras das Faculdades Associadas do Ipiranga (SP) e Teologia na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, também em São Paulo.
No dia 2 de agosto de 1980 foi ordenado diácono em sua cidade natal.
Sacerdócio e Episcopado
No dia 31 de outubro de 1980, foi ordenado presbítero, também em Pirangi. Foi vigário paroquial da Paróquia Senhor Bom Jesus, em Monte Alto (1980-1983); reitor do Seminário Maior Nossa Senhora do Carmo da Diocese de Jaboticabal, em Jaboticabal, e coordenador diocesano da Pastoral da Juventude (1983-1985); pároco da Paróquia São Benedito, em Jaboticabal (1985-1992); vigário paroquial da Paróquia São Sebastião, em Taquaritinga (1992-1995); membro da equipe de formadores da Diocese de Jaboticabal (1995-2002); pároco da Paróquia Senhor Bom Jesus, em Monte Alto (1995-2004).
No dia 23 de junho de 2004 foi nomeado bispo titular de Mades e bispo auxiliar de Londrina (PR).
No dia 19 de setembro de 2004, a Diocese de Jaboticabal (SP) festejou a ordenação episcopal do então monsenhor José Lanza Neto, nomeado pelo papa João Paulo II. A cerimônia foi realizada no Ginásio de Esporte de Jaboticabal, com a presença de um grande número de fiéis que foram saudar o novo bispo. Londrina também marcou presença com representantes do clero, religiosos e leigos que lá estiveram manifestando, juntamente com Dom Albano Cavallin, a alegria de receber o tão esperado bispo auxiliar.
A solene Celebração Eucarística de ordenação foi presidida por Dom Antônio Fernando Brochini, CSS, bispo diocesano de Jabotical, acompanhado pelo bispo emérito daquela cidade, Dom Luiz Eugênio Perez e por Dom Albano Bortoletto Cavallin.
Dirigindo-se aos presentes, Dom Lanza agradeceu a confiança nele depositada pelo papa João Paulo II. Também agradeceu a seus pais pela formação religiosa recebida, a qual fortaleceu nele a vocação pelo sacerdócio. Dom Lanza disse que aquele momento era muito especial em sua vida, pois marcava o início de uma nova missão que lhe possibilitava a plenitude no ministério sacerdotal. Aproveitou o momento para relembrar as paróquias por onde passou e as comunidades onde trabalhou. A celebração solene durou cerca de três horas e ao final houve uma grande queima de fogos. Finalizando o clima de festa os participantes reuniram-se para um jantar de confraternização.
Com sentimento de alegria e muito emocionado, Dom Albano Cavallin anunciou, na manhã de 10 de maio de 2006, o nome do novo arcebispo nomeado para dirigir a Arquidiocese de Londrina: Dom Orlando Brandes. Dom Albano, ao completar 75 anos, pediu renúncia ao papa, em conformidade com o Código de Direito Canônico.
Em sua missão de bispo auxiliar, tanto de Dom Albano como de Dom Orlando, Dom José Lanza colaborou pastoralmente de vários modos. Sua responsabilidade foi, principalmente, acompanhar a formação no seminário e cuidar da espiritualidade dos funcionários do centro de pastoral. Também prestou sua ajuda na coordenação de pastoral, nas reuniões dos decanatos e nas visitas pastorais. Colaborou na elaboração das novas diretrizes da Renovação Carismática Católica e esteve à frente da pastoral da juventude.
Bispo de Guaxupé
No dia 13 de junho de 2007, sua santidade, o papa Bento XVI, o nomeou bispo diocesano de Guaxupé. Em estado de vacância por nove meses, a diocese mostrava-se ansiosa pela vinda do novo bispo. O anúncio festivo foi feito pelo administrador diocesano, padre José Augusto da Silva, na manhã do dia 13 de junho, em Celebração Eucarística, na Catedral Diocesana. A nomeação de Dom José Lanza foi motivo de festa para os católicos. Ainda no interior da catedral, os fiéis responderam à notícia com salvas de palmas e hinos de louvores. A alegria também foi espontânea nos rostos dos padres presentes. Padre José Augusto afirmou: “nós recebemos a notícia com o coração em festa. Afinal, uma experiência de sede vacante é muito dolorosa, ainda mais no nosso caso, que perdemos o último bispo, Dom José Mauro, de maneira tão trágica. Entretanto, já estávamos certos de que a Santa Sé não tardaria”.
Numa bonita manhã, domingo, dia 22 de julho, na solene Celebração Eucarística às 10 horas, na Catedral Diocesana Nossa Senhora das Dores, Dom Lanza tomou posse como bispo diocesano de Guaxupé. Diversos bispos e arcebispos, padres, religiosos, seminaristas e leigos marcaram presença. Logo no início da celebração, padre Antonio Carlos Maia, chanceler do bispado, proferiu a leitura do Decreto de nomeação de sua excelência como bispo diocesano de Guaxupé. Em seguida, dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho, O.Praem, arcebispo metropolitano de Pouso Alegre (MG), passou o báculo pastoral a Dom Lanza, acolhido fraternalmente por padres representantes dos presbíteros da diocese e por leigos do Conselho Diocesano de Pastoral. Em sua homilia, Dom Lanza saudou a todos com essas palavras: “Irmãos e irmãs: O amor do Pai esteja convosco! O amor é a força maior do Evangelho. Toda a Lei e os profetas se resumem no amor a Deus e aos irmãos. ‘Permaneçamos no Amor’ (Jo 15,9). Amado Povo de Deus! Assim, quero entender que a escolha é sempre de Deus. Fui chamado e aqui estou seguindo seus desígnios de amor. Esse Amor é que escolhe pastores para Seu povo. Nos ministérios da Igreja nós somos todos servidores de Deus. Portanto, Ele nos escolhe e nos indica através de sua Igreja, onde é que devemos trabalhar qual o ministério e onde devemos exercê-lo”.
Lembrou ainda que a liturgia do dia estava perpassada pela hospitalidade: “Deus nos acolhe, nós acolhemos Deus. A iniciativa é sempre d’Ele que nos ama primeiro. Hospitalidade é a capacidade de abertura e acolhimento ao que vem de fora, ao estranho, ao novo. A hospitalidade está na dimensão da gratuidade. A hospitalidade é uma manifestação da capacidade de amar. A hospitalidade cordial do outro pode ser um espaço para o restabelecimento de energia e de forças. Na experiência de Abraão e das mulheres do Evangelho, o hóspede revela Deus”.
Sua humildade, ao assumir o pastoreio à frente da Diocese, foi revelada nessa mesma homilia na Missa de posse: “Proponho-me a ser verdadeiramente o pastor, o pai, o amigo, o irmão, o servidor, sempre contando com a Graça de Deus. Tenho consciência das minhas limitações. Tenho consciência de que todos esperam ser amados, acolhidos e encorajados por esta Igreja. Posso assegurar que, desde o momento de minha nomeação para a Diocese de Guaxupé, passei a guardá-la no meu coração e amá-la profundamente”.
Em um artigo, padre Robison Inácio de Souza afirma que “Dom José Lanza – a exemplo do Santo de seu onomástico, São José – é um homem simples, humilde, acessível e de fé profunda. Somos muito agradecidos a Deus que nos providenciou um pastor ‘segundo o Seu próprio coração’ (Jr 3,15). Desejamos ao nosso bispo diocesano vida longa e fecundo ministério episcopal! Que sua presença e seu trabalho pastoral entre nós confirmem a nossa fé, nos leve a amar ainda mais a Igreja e nos aponte o reto caminho para o céu. Dom José Lanza Neto, ad multos anos!”.
Dom José Lanza tem uma história marcada pela simplicidade. Isso é o que revela um relato histórico do professor Alberto Luiz Massabni:
“Após 116 anos de muitos fatos e história, Pirangi é lembrado pela primeira vez: É que um menino simples, alegre e cativante dessas bandas, que se tornou o primeiro padre nascido em Pirangi, agora é bispo. Dom José Lanza Neto nasceu no dia 31 de dezembro de 1952, no sítio Tabaraninha. Filho do casal Osvaldo Lanza e Palmira Bobato Lanza (já falecida), tem quatro irmãos: Genésio, Ivone, Alice e Ângelo. Todos residentes na cidade.
Após passar uma infância humilde, num tradicional bairro do Sovaco na zona rural, José Lanza Neto foi entregue aos 12 anos ao padre Aquiles, que o levou para Jaboticabal. Lá estudou muito, preparando-se para ingressar no Seminário de São Carlos, cursando Filosofia e, posteriormente em São Paulo, onde terminou seus estudos, cursando Teologia.
O menino entrou no seminário com as bênçãos do padre Alberto, responsável pela instituição e amigo do padre Aquiles. Ficou combinado que a família ajudaria no que pudesse. A pensão e os livros seriam custeados com a ajuda da população e da Igreja. O único pedido foram algumas peças de roupa, um lençol e uma coberta, colocados em um saco de açúcar porque a família não tinha mala.
Desde a infância, sua vocação já era latente, pois em suas brincadeiras de crianças e em seus desenhos, sempre incluía temas religiosos como igrejas, flores, santos e pessoas em procissão. Padre Lanza, como ficou conhecido carinhosamente pela população, sempre procurou conciliar o trabalho na terra, com o sonho de, um dia, evangelizar pelo mundo.
Todas as vezes que estava de férias do seminário voltava para casa a pé, de Pirangi até o bairro rural onde moravam seus pais (cerca de 5 km). Quando avistava a casa da família começava a gritar de alegria. Todos na redondeza sabiam que o futuro padre estava entre eles.
Dona Palmira chorava de alegria ao rever seu filho de volta à casa. Quando questionada sobre a vocação do menino, respondia: ‘Deixei ele ir com boa vontade e com o coração feliz. Esta é a vontade de Deus’.
Nas férias, o menino ajudava a família na lavoura e na colheita de alimentos. Sempre preocupado para que tudo desse certo na plantação, pois a vida da família era muito difícil. Dom José Lanza Neto nunca se esqueceu de suas raízes”.