03 de junho Santíssima Trindade
Um Deus Comunhão
A festa de hoje, por muito tempo foi mantida na sombra de um mistério insondável, para não dizer inalcançável. Graças a nova linguagem que a teologia assumiu, mais ligada a existência, podemos desvelar, em parte, este mistério de vida e de amor.
O nosso Deus de três pessoas em perfeita união e comunhão, não é um Deus solitário, fechado na sua perfeição. Pai, filho e Espírito Santo são uma comunidade de amor. O que sustenta o “ser” de Deus é a relação das pessoas, que não é uma mistura confusa de seres divinos, mas se mantém na perfeita distinção das pessoas. São João havia intuído este mistério e não hesitou a escrever na sua carta “Deus é amor, quem não ama não conhece a Deus”. Portanto, ele afirma, que na pratica e vivencia do amor é possível conhecer a Deus. Deus não é mais inalcançável, mas existe a possibilidade de conhecer a Deus vivendo o amor fraterno.
A tudo isso podemos acrescentar as paginas iniciais da Bíblia que nos revelam que Deus criou o homem a imagem e semelhança de Deus.
Se Deus então é um Deus de comunhão, em relação, de um amor infinito, nós também fomos criados assim. Somos portanto homens e mulheres que se realizam na comunhão, na relação, na união que são frutos do amor vivido como doação de um pelo outro.
Daí surge um questionamento fundamental: que lugar estamos dando a relação na nossa vida. Relações que vivemos na família, nas amizades, no trabalho, na comunidade, na escola, pelas ruas: sempre temos a possibilidade de viver em comunhão: isto é dar e receber amor.
Nenhuma pessoa neste mundo pode se sentir feliz se não se sente amada, reconhecida, valorizada. Todos nós sentimos esta necessidade como uma das mais importantes da vida: amar e ser amados.
Para que isso aconteça preciso tomar minha iniciativa e em primeiro lugar dar valor as pessoas do meu convívio. O amor começa no respeito do outro que é amar a pessoa do jeito que ela é. Essa é a base de boas relações de amizade e comunhão. Em seguida eu tenho que amar, valorizar, reconhecer o outro. Se eu desejo ser amado, valorizado e reconhecido, preciso fazer isso com os outros. Um grande filosofo existencialista Erich Fromm dizia que “o amor é uma força que produz amor”. A resposta de alguém amado e amar em resposta ao amor recebido. Desta maneira as relações familiares, fraternas, amigas…crescem em maneira saudável e vivemos a nossa “imagem e semelhança com Deus”.
A Festa da SS. Trindade é uma oportunidade para rever nosso jeito de nos relacionar e vivenciar o amor. Não podemos perder esta oportunidade.